Justiça, Governo e partidos. Ninguém escapou à mira de Rui Rio, que disparou em todas as direções na altura de falar sobre o desfecho da Operação Marquês, que tem no ex-primeiro-ministro José Sócrates o principal arguido..O líder do PSD diz que a Justiça precisa de uma reforma e que já a propôs aos vários partidos com assento parlamentar, mas que estes não quiseram "mexer no sistema"..Numa declaração sem direito a perguntas do jornalistas, Rio criticou as violações do segredo de justiça e a intoxicação da opinião pública por parte das autoridades judiciais, referindo que a Justiça está em "descrédito" e que "é o pior exemplo da doença do regime".."O que está a acontecer é a Justiça a não funcionar. Pela primeira vez na história deste regime, um primeiro-ministro é indiciado por vários crimes e o juiz diz que os crimes prescreveram ou que as provas não foram obtidas de forma legal", recordou, frisando que "as decisões da Justiça têm de ser entendidas" e que a "morosidade dos processos é um grave problema".."Não é preciso revolucionar ou destruir tudo. É preciso necessário reformar", reiterou, pedindo para que a independência do poder judicial não signifique que a Justiça seja "um mundo à parte". "A Justiça não pode ser um Estado dentro de um Estado", acrescentou..Rui Rio disse que a "preocupação deste Governo é servir as corporações na Justiça", subindo os salários a "magistrados que chegam a ganhar mais do que o primeiro-ministro".."E o que dizer do escândalo BES, o maior escândalo financeiro da história de Portugal? O país vive na impunidade, pelo menos no que aos mais poderosos diz respeito", concluiu..O juiz Ivo Rosa, do Tribunal Central de Instrução Criminal, decidiu levar a julgamento os arguidos José Sócrates, Carlos Santos Silva, pronunciados por três crimes de branqueamento de capitais e outros três de falsificação de documentos cada um; o ex-presidente do BES Ricardo Salgado, por três crimes de abuso de confiança; o ex-ministro Armando Vara, por branqueamento de capitais e João Perna, o ex-motorista do antigo primeiro-ministro, por posse de arma proibida..A decisão do juiz ficou muito aquém do pedido pelo Ministério Público que tinha acusado 28 arguidos, entre os quais nove empresas, de um total de 188 crimes económicos e financeiros, entre os quais corrupção e fraude fiscal.