O debate instrutório da Operação Marquês vai realizar-se nos dias 4, 5, 6 e 9 de março e, caso venha a ser necessário, poderá prolongar-se pelos dias 11, 12 e 13 do mesmo mês, disse à agência Lusa fonte ligada ao processo.Ivo Rosa, juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), justificou o adiamento do debate instrutório (sessão que finaliza a fase de instrução) com o facto de faltarem ainda cumprir diligências no processo Operação Marquês. A fonte indicou que algumas dessas diligências relacionam-se com pedidos formulados pela defesa dos arguidos e também com documentos que foram solicitados ao Ministério dos Negócios Estrangeiros..Ao notificar as partes deste adiamento, o juiz refere ainda que a "falta de tempo razoável" para os intervenientes processuais se pronunciarem sobre os documentos a analisar motivam o adiamento da data do início do debate instrutório..A fase de inquirição de testemunhas do processo ficou concluída na última quarta-feira, faltando, contudo, o arguido José Pinto de Sousa, primo de José Sócrates, ser interrogado, em diligência marcada para 21 de janeiro de 2020..Depoimento de Salgado é relevante.Entretanto, o Tribunal da Relação de Lisboa autorizou a utilização na Operação Marquês dos depoimentos do banqueiro Ricardo Salgado, prestados nos processos Monte Branco e Universo GES, contestando a decisão do juiz Ivo Rosa..Na análise do recurso, interposto pelo Ministério Público da decisão de Ivo Rosa não aceitar valorar como prova os depoimentos de Salgado, arguido na operação Marquês, o TRL considera que o magistrado "extravasou a sua competência" que se limita a realizar a instrução..O Ministério Público alegou que o juiz se estava a "imiscuir em matéria da exclusiva competência do tribunal de julgamento", tendo agora o tribunal superior dado razão a este argumento..Para os juízes, lê-se no despacho do TRL, caso as declarações de Salgado não pudessem ser usadas deixariam de ter relevância dado que o tema das empresas Enterprises management e as várias contas que os arguidos Salgado e Helder Bataglia tinham no exterior deixaram de ser investigado no caso GES/BES a partir do momento em que passaram a ser objeto processual da Operação Marquês..Na decisão, datada de terça-feira, entenderam os dois juízes desembargadores que o despacho de Ivo Rosa deve ser substituído por um que autorize a utilização como prova, na fase de instrução, do depoimento judicial de Ricardo Salgado de julho de 2014, no caso Monte Branco, e um ano depois aos procuradores na investigação do caso GES/BES..No recurso, o MP explica a importância dos interrogatórios para a Operação Marquês pela "evolução de respostas do arguido Ricardo Salgado a um conjunto de questões que, ao longo do tempo, foram abordadas em vários inquéritos"..As declarações de Salgado, "não podem ser ignoradas e consideradas como um nada para efeitos de prova e muito menos de indiciação", escrevem os juízes na decisão..O ex-presidente do BES está acusado na Operação Marquês de corrupção ativa de titular de cargo político, corrupção ativa, branqueamento de capitais, abuso de confiança, falsificação de documento e fraude fiscal qualificada..O processo Marquês envolve 28 arguidos - 19 pessoas e nove empresas -, incluindo o ex-primeiro ministro José Sócrates, acusado de corrupção passiva de titular de cargo político, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e fraude fiscal qualificada.