Operação 'stop' no feminino

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Bom dia!

Não sei qual é a razão que leva os jovens que andam no Liceu D. Filipa de Lencastre a reunir-se de noite e de madrugada à porta da escola. Será que gostam assim tanto de estudar que não suportam ficar longe quando terminam as aulas? Até não me importaria com a sua presença na praça do liceu, se os gritos estridentes dos rapazolas a mudar de voz não ecoassem no silêncio daquela parte do meu bairro - o Arco do Cego -, a desestabilizar a calma.

Felizmente, a brincadeira juvenil nunca tem ultrapassado as marcas do razoável e do aceitável. O máximo que fizeram foi queimar dois caixotes do lixo e o mínimo que fazem é pintar as paredes vizinhas com graffiti e partir uma quota semanal de vidros do estabelecimento (que ajuda o negócio da vidraceira). A polícia anda sempre por ali mas raramente intervém, mesmo quando fumam charros no jardim, ou à minha janela, porque a rapaziada sabe disfarçar.

Deve ser por isso que esta semana, no feriado, uma carrinha da polícia acampou em frente da escadaria da igreja e fez uma operação stop em grande estilo. Apitos estridentes, carros mandados parar e algumas multas para justificar o dia. E, como o espectáculo era de primeira, resolvi portar-me como um verdadeiro português e ficar a ver/ouvir a conversa policial durante uns dez minutos. Aprende-se sempre algo, nem que seja como estragar o feriado...

A primeira coisa que me surpreendeu foi o facto de os quatro carros que estavam ser inspeccionados serem conduzidos por mulheres. Depois, entendi que era uma boa opção parar maioritariamente o sexo feminino, porque dão menos problemas. Até porque gostam de conversar com os polícias, como foi o caso da condutora do carro vermelho, que já dialogava com o agente quando cheguei e ainda assim ficaram ao fim dos dez minutos. E do que falavam? O polícia queixava-se de que gostava era de pertencer à Judiciária mas era difícil progredir na carreira, demorava muitos anos. Que a maioria vinha lá da terrinha e depois fica aqui sozinho até conseguir evoluir.

Como não ouvia as deixas da quarentona não sei qual era o seu objectivo ao ficar parada na Praça de Londres, a elaborar um levantamento sociológico da vida dos agentes. Talvez que por ser Sexta-Feira Santa e feriado não tivesse nada para fazer...

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