Ópera "Peter Grimes" de Benjamin Britten estreia-se terça-feira em Lisboa
A estreia da ópera no TNSC acontece 73 anos depois da sua primeira apresentação, em Londres, e precismente 55 anos depois da estreia absoluta do "War Requiem" do mesmo compositor.
"Peter Grimes", uma coprodução da English National Opera com outras salas europeias, tem direção musical de Graeme Jenkins, e conta com um elenco constituído por John Graham-Hall, no papel principal, Emily Newton, Jonathan Summers, Rebecca de Pont Davies, Bárbara Barradas, Mariana Castello-Branco, James Kryshak, Graeme Danby, Maria Luísa de Freitas, Carlos Guilherme, João Merino, e Nuno Dias.
Em comunicado, o teatro lírico recorda que "Peter Grimes" foi a primeira ópera de Benjamin Britten (1913-1976) "a recolher sucesso público e crítico e considerada hoje uma obra do repertório padrão".
A ópera é inspirada no poema narrativo "The Borough" de George Crabbe, desenrolando-se a trama numa aldeia piscatória fictícia, algures na costa leste da Inglaterra, "decerto semelhante à de Aldeburg, que viu crescer Crabbe e onde Britten viveu" até morrer.
"A música é construída em torno da relação atormentada entre o pescador Grimes e a sua comunidade, e a tragédia inicia-se quando ele é interrogado sobre a morte de um seu aprendiz, socialmente excluído, será deixado ao público decidir qual a verdadeira natureza de Peter Grimes", segundo a mesma fonte.
O compositor britânico, citado pelo teatro, afirmou que este era um tema que lhe era caro -- "a luta do indivíduo contra as massas".
"Quanto mais cruel é a sociedade, mais cruel é o indivíduo", disse.
A ópera abre com uma cena de interrogatório na sala de audiências de uma aldeia piscatória inglesa. Swallow, o juiz, interroga o pescador Peter Grimes sobre a morte do seu aprendiz durante uma tempestade no mar. E apesar das suas insatisfatórias respostas, aceita a sua explicação e delibera que o rapaz morreu acidentalmente.
Grimes enfrenta, todavia, a hostilidade e a desconfiança da comunidade, e encontra consolo na professora Ellen Orford, e chega a sonhar num futuro a dois. Apesar da indiferença da comunidade, Grimes consegue um novo aprendiz, John.
Ellen Orford descobre, entretanto, uma nódoa negra no pescoço do jovem, e confronta Grimes, que rapidamente acaba a conversa afirmando que se tratou de um acidente, e zangado, bate em Ellen e leva o rapaz para a pesca.
Ao saber do incidente, a comunidade dirige-se para a casa do mestre, que apressa o rapaz a sair, e este ao dirigir-se para a embarcação escorrega e cai do penhasco, esmagando-se no solo. Um dos aldeões apercebe-se do sucedido, voltando a população a acusar Grimes de assassino.
Entretanto, o barco de Grimes regressa ao porto, e inicia-se nova caça ao homem. Como enlouquecido, Grimes vagueia pela praia, revivendo mentalmente o seu passado, e se Ellen pede a Grimes que regresse a casa, um aldeão, Balstrode, aconselha-o a partir e por termo à vida, ajudando-o a equipar a embarcação.
A ópera "Peter Grimes", de Britten, tem libreto de Montagu Slater, é uma coprodução da English National Opera, Vlaamse Opera, Ópera de Oviedo e Deutsche Oper Berlin, e está em cena no TNSC de 30 de maio a 07 de junho, uma reposição sob a direção de Ian Rutherford, com cenografia de Paul Steinberg, figurinos de Brigitte Reiffenstuel, coreografia de Maxine Braham, e desenho de luz de Adam Silverman, com o Coro do TNSC e a Orquestra Sinfónica Portuguesa.