ONU demitiu militar português dançarino e o seu chefe

Na quarta-feira era um "não assunto" para o Estado-Maior, na quinta mandou regressar o oficial português que, entretanto, a ONU afastou de funções. Desde segunda que a história era conhecida
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As Nações Unidas decidiram afastar da sua missão de paz na Colômbia os três observadores - entre os quais um oficial da Marinha portuguesa - que dançaram na festa de fim-de-ano dos rebeldes das Forças Armadas Revolucionárias Colombianas (FARC), bem como o seu chefe direto, que autorizou a participação dos militares no polémico réveillon. Esta tarde, o Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA), que na quarta-feira tinha sublinhado ao DN que o incidente era um "não assunto", foi obrigado a determinar o regresso do oficial, um capitão de fragata do corpo de fuzileiros.

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A origem da inédita situação, no mês em que António Guterres tomou posse como secretário-geral da ONU, teve lugar num campo de agrupamento das FARC quando estes observadores - o português, um major paraguaio e uma tenente chilena - dançaram com os guerrilheiros. A cena foi filmada e divulgada nas TV's colombianas, provocando críticas do governo e da oposição à atitude dos observadores que, no seu entender punha em causa a imparcialidade da missão de paz. Esta missão está a verificar o cumprimento do cessar-fogo entre as FARC e as forças governamentais, assinado no ano passado para por fim a mais de 50 anos de guerra civil.

Conforme o DN noticiou, os três oficiais tinham sido escolhidos pelo chefe local da missão da ONU para ir à celebração das FARC, em resposta a um convite do comandante das forças revolucionárias, como sinal das boas relações estabelecidas. Este responsável acabou também por ser demitido pelos superiores em Bogotá.

Questionado pelo DN sobre se a decisão do EMGFA tinha sido na sequência da ordem de expulsão da ONU, o porta-voz oficial recusou-se a responder. "Nada mais posso acrescentar ao comunicado que foi divulgado", afirmou. Na véspera, quando confrontado pelo DN com a presença de um oficial português no caso, esta fonte disse tratar-se de um "não assunto" e que Portugal não tinha recebido "qualquer contacto oficial da ONU a condenar a situação", não tendo "dados objetivos para tomar uma decisão". Depois disso, já na quinta-feira, a missão da ONU na Colômbia anunciou anunciou os afastamentos. Logo na segunda-feira, porém, depois do filme ter sido tornado público, a ONU condenou a comportamento destes observadores sublinhando que era "inapropriado" e não refletia " os valores de profissionalismo e de imparcialidade da missão das Nações Unidas." O EMGFA não tem registo de outros casos de expulsão de militares em missões da ONU.

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