Onda de dia, música à noite. O Primavera Surf Fest é único

Estrategicamente organizado durante as férias escolares da Páscoa, o festival junta desportos náuticos e música.
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Paula Morais, 16 anos, teve uma sexta-feira em cheio com o extenso grupo de amigos. Logo cedo partiram de Lisboa, com tenda de campismo às costas, para cruzarem a ponte 25 de Abril rumo à Costa de Caparica. À sua espera estavam ondas durante o dia e boa música para a noite, numa tenda fechada em plena praia do Paraíso, onde sobem ao palco as bandas que até ao dia 26 vão animar o Primavera Surf Fest.

"Começar as férias da Páscoa a fazer surf, kitesurf e poder dançar ao som destas bandas portuguesas é fantástico. Os meus pais deixaram-me vir até segunda-feira e até me deram dinheiro. Nem sei como lhes agradecer. São uns queridos", gritava a jovem entre um rol de selfies com cabeças amontoadas, ao mesmo tempo que os ÁTOA se despediam do público, que enchia meia tenda, e o palco ia sendo preparado para receber Carolina Deslandes, antes do mais aguardado Jimmy P.

Batia a meia-noite quando José Carlos Macedo admitia estar exausto após comer uma bifana e beber um sumo. "Não me digas que não ficas para o Jimmy P?", questionava o amigo Nuno Gaiato, admitindo que, afinal, José Carlos tinha passado o dia dentro de água a fazer "todo o tipo de desportos náuticos". "Eu avisei-te que estavas e exagerar, agora não te aguentas, fraquinho", ironizava. Mas o amigo lá partiu para a tenda, porque no dia seguinte havia mais atrativos. "Gosto de música, mas o surf é a minha paixão", justificava o jovem de 21 anos ao DN, revelando que viajou desde Loures "mais pelos desportos aquáticos do que pela música. Amanhã, esse gajo fica a dormir e eu estou a bater ondas logo às 09.00. Vemo-nos à hora de almoço".

Mas a maioria do público estava ali pelas bandas e até com um argumento "meio saudosista". "Isto também é uma forma de matar saudades dos festivais de verão. Estamos fartos do frio e da chuva que acarretam sempre aquela melancolia própria do inverno. Queremos festa", admitia Armanda Serra, uma mãe que acompanhou os dois filhos de Almada até ao areal da Costa.

Apesar dos nove graus lá fora, a noite aqueceu na tenda, sobretudo com Jimmy P, que reuniu a preferência dos mais jovens, nas faixas etárias que se percebia variarem entre os 13 e os 16 anos.

ÁTOA, Deslandes e Jimmy P afinaram pelo mesmo diapasão. Que sim, que é possível fazer grandes festivais de música com bandas portuguesas. Palavras repetidas na terra onde o tema colhe mais simpatias à boleia do já célebre festival Sol da Caparica de portas escancaradas à lusofonia, que neste ano está de regresso entre os dias 11 e 14 de agosto.

[citacao:Organização pondera convidar bandas espanholas a pensar no público do país vizinho]

O público aplaudia a ideia, mas a produção admitia vir a abrir uma janela a grupos estrangeiros no futuro. O produtor António Miguel Guimarães justificava ter encontrado vários jovens espanhóis no festival, que escolheram Lisboa para realizar a sua viagem de finalistas, pelo que "talvez não fosse má ideia trazermos cá um grupo espanhol que possa atrair este público", revelou ao DN, admitindo que o facto de a Costa de Caparica "já ser um berço nacional do surf e estar aqui o maior festival de ondas" facilita a promoção dos espetáculos também nos país vizinho.

O festival, em que o programa artístico se cruza com os desportos náuticos, traduz uma montra de várias modalidades distribuídas por 45 stands. Estão a decorrer competições, demonstrações, campeonatos e arranques de circuitos nacionais de surf, bodyboard e windsurf, entre outras. "As pessoas até aqui podem escolher a escola de surf que querem frequentar neste ano", exemplificou António Miguel Guimarães.

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