Olhar o mundo através das artes

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\t\tUm balão em "voo cativo" vai elevar-se sobre os jardins da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, permitindo, a quem quiser aventurar-se, ter uma visão diferente do espaço - uma tentativa de olhar e interpelar o mundo através de outros prismas, sem preconceitos, que serve muito bem de símbolo do fórum cultural O Estado do Mundo.

Foi em Outubro do ano passado que, com conferência de Homi K. Bhabha e o lançamento de um livro de ensaios sobre "O Estado do Mundo", se iniciou esta aventura da Gulbenkian. A 18 de Maio arranca a segunda fase do projecto, da responsabilidade de António Pinto Ribeiro, rodeado por uma série de curadores nacionais e internacionais. "É um projecto de reflexão sobre o tempo presente, sobre as suas ameaças, conflitos, incertezas e, se possível, também as esperanças", afirmou ontem Rui Vilar, presidente da administração da fundação, na apresentação pública do programa.

Um programa com duas componentes: uma reflexão teórica, "para sair da espuma dos dias e provocar o debate" (serão 14 lições, dadas por personalidades como o arquitecto Rasem Badram ou a filósofa Danièle Cohn, a propósito da "urgência da teoria" e em que vai falar-se de temas tão como as desigualdades, o lugar da narrativa ou multiculturalistmo); e uma programação de teatro, dança, ópera, cinema, música e uma série de outras actividades que procuram, de alguma forma, "responder ao estado do mundo", explicou António Pinto Ribeiro. "O programa assume a necessidade de intervenção e reivindica-se cosmopolita num contexto que sabemos ser de globalização cultural". E, embora não tenha a pretensão de "representar o mundo", a programação assume a vontade de fugir ao eixo atlântico.

Espectáculos da Palestina e da Índia, um ciclo de cinema programado por Jacob Wong, de Hong Kong, a apresentação de obras da colecção do Centro de Arte Moderna em locais "inesperados", fora da fundação, e a abertura dos ateliers de alguns artistas em residência na Gulbenkian são alguns dos exemplos deste esforço, que se prolonga até Julho, para "privilegiar o ponto de vista do outro". Em Outubro, a última etapa do O Estado do Mundo integra a exposição intitulada "Um Atlas de Acontecimentos".
Destaques do programa

'WINCH ONLY' Um "drama musical" inspirado em Monteverdi e encenado pelo suíço Christoph Marthler. A Gulbenkian co-produziu e apresenta-o a 8 e 9 de Junho.
'DESEMPACOTANDO A MINHA BIBLIOTECA' A partir de textos de Walter Benjamin e Miguel Rocha, Jorge Andrade encena. De 9 a 11 de Junho.
'GILGAMESH 3' Teatro de marionetas de Ramallah. De 14 a 16 de Junho.
ÓPERA Dois espectáculos encomendados: Metoinete de João Madureira, encenada por André e. Teodósio. E A Montanha op. 35 de Nuno Côrte-Real, por Carlos Antunes (29 e 30 de Junho).
'OLHAR O ESTADO DO MUNDO' Seis filmes de 15 minutos em estreia. De Vicente Ferraz (Brasil), Chantal Akerman (França), Pedro Costa (Portugal), entre outros. 16 e 17 de Junho.

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