A automação e a robotização têm vindo progressivamente a alterar o nosso quotidiano e o mundo como o conhecemos. A vida, hoje, é muito mais confortável com a caixa automática do supermercado, com a impressora 3D e com tantos outros gadgets que surgem quase diariamente. Ainda não nos tínhamos acabado de entender cabalmente com o GPS do automóvel e eis que surgem já testes com veículos de condução autónoma. A tecnologia parece querer assegurar-nos, cada vez mais, que tem cada vez menos limites na sedução e na busca do nosso conforto....O reverso deste processo de avanço tecnológico acarreta também, no entanto, alterações na natureza do próprio trabalho enquanto conceito estruturante da sociedade. A robotização, ao apresentar-se progressivamente como alternativa ao esforço humano, transformou a essência e o equilíbrio das relações laborais. Para o trabalhador, sobretudo o da indústria transformadora e do comércio, a automação surge como o fantasma que ameaça roubar-lhe o emprego ou retirar-lhe importância e poder na relação laboral..A diminuição dos postos de trabalho (com implicações para o nosso modelo social) que advirá da automação poderá, claro, ser atenuada pela criação de outros, sobretudo se se levar a cabo a necessária reconversão e formação de trabalhadores. Um exemplo dessa adequação é o INCODE.2030, programa integrado de competências digitais para Portugal entre 2017-2030. Mas, subjacente a todo este processo, há uma pergunta que se impõe: a nível funcional, o que nos distingue verdadeiramente dos robôs? A criatividade e a sensibilidade são, indubitavelmente, respostas possíveis. A indústria da criatividade, como forma de articular a inovação, a imaginação e a tecnologia, poderá ser um potencial ponto de equilíbrio entre o esforço humano e o da máquina. A indústria criativa, através de atividades como o artesanato e a joalharia, as artes visuais e as antiguidades, a música, o design, o design social e o design de moda, pode revelar-se um importante motor de criação de emprego. Sobretudo no contexto de projeção internacional e de forte afluência turística que define o nosso país neste momento..Historicamente, a criatividade é um ícone de inovação tecnológica e social. A moda, por exemplo, começou por ser reflexo da sociedade e acabou por ser fator de evolução da mesma, reequacionando estereótipos de género e de classe, ao mesmo tempo que se tornou uma indústria social e ambientalmente responsável. Os desfiles de moda - a propósito, já agora, da 52.ª edição da ModaLisboa, na semana passada - são, atualmente, também celebrações da diversidade. A inovação tecnológica será tanto mais efetiva quanto mais integrar a dimensão da criatividade e da sensibilidade social. O robô passará também por aí..Deputada do PS
A automação e a robotização têm vindo progressivamente a alterar o nosso quotidiano e o mundo como o conhecemos. A vida, hoje, é muito mais confortável com a caixa automática do supermercado, com a impressora 3D e com tantos outros gadgets que surgem quase diariamente. Ainda não nos tínhamos acabado de entender cabalmente com o GPS do automóvel e eis que surgem já testes com veículos de condução autónoma. A tecnologia parece querer assegurar-nos, cada vez mais, que tem cada vez menos limites na sedução e na busca do nosso conforto....O reverso deste processo de avanço tecnológico acarreta também, no entanto, alterações na natureza do próprio trabalho enquanto conceito estruturante da sociedade. A robotização, ao apresentar-se progressivamente como alternativa ao esforço humano, transformou a essência e o equilíbrio das relações laborais. Para o trabalhador, sobretudo o da indústria transformadora e do comércio, a automação surge como o fantasma que ameaça roubar-lhe o emprego ou retirar-lhe importância e poder na relação laboral..A diminuição dos postos de trabalho (com implicações para o nosso modelo social) que advirá da automação poderá, claro, ser atenuada pela criação de outros, sobretudo se se levar a cabo a necessária reconversão e formação de trabalhadores. Um exemplo dessa adequação é o INCODE.2030, programa integrado de competências digitais para Portugal entre 2017-2030. Mas, subjacente a todo este processo, há uma pergunta que se impõe: a nível funcional, o que nos distingue verdadeiramente dos robôs? A criatividade e a sensibilidade são, indubitavelmente, respostas possíveis. A indústria da criatividade, como forma de articular a inovação, a imaginação e a tecnologia, poderá ser um potencial ponto de equilíbrio entre o esforço humano e o da máquina. A indústria criativa, através de atividades como o artesanato e a joalharia, as artes visuais e as antiguidades, a música, o design, o design social e o design de moda, pode revelar-se um importante motor de criação de emprego. Sobretudo no contexto de projeção internacional e de forte afluência turística que define o nosso país neste momento..Historicamente, a criatividade é um ícone de inovação tecnológica e social. A moda, por exemplo, começou por ser reflexo da sociedade e acabou por ser fator de evolução da mesma, reequacionando estereótipos de género e de classe, ao mesmo tempo que se tornou uma indústria social e ambientalmente responsável. Os desfiles de moda - a propósito, já agora, da 52.ª edição da ModaLisboa, na semana passada - são, atualmente, também celebrações da diversidade. A inovação tecnológica será tanto mais efetiva quanto mais integrar a dimensão da criatividade e da sensibilidade social. O robô passará também por aí..Deputada do PS