OE2024. Para o PSD, já não é "pipi" e "betinho", é só "bem vestido"
Luís Montenegro qualificou o OE2024 como "pipi", "bem apresentadinho" e "muito betinho". Face à perplexidade sobre o significado exato destas palavras, o nº 2 do partido, Hugo Soares, decidiu ontem criar uma nova terminologia. Os termos usados pelo presidente do PSD foram abandonados mas o partido continua a falar como se estivesse numa loja de roupas.
Discursando na abertura de mais umas jornadas parlamentares do PSD, em Lisboa, o secretário-geral do partido preferiu dizer desta vez que o OE2024 é "bem vestido". "Este orçamento é muito bem vestido [mas] incapaz de resolver os problemas das pessoas", afirmou.
Embora não abrindo o jogo sobre qual será sentido de voto do PSD quando a proposta de OE2024 for a votos na generalidade, Hugo Soares abriu o caminho para que hoje Luís Montenegro faça isso, no discurso com que encerrará estas jornadas parlamentares.
E esse sentido de voto só pode ser contra. Para o secretário-geral do PSD, "a baixa do IRS é uma espécie de baixar a máscara por parte do partido que governa o país: andavam a dizer que não apoiavam a baixa [proposta pelo PSD já para este ano] porque não tinham folga orçamental". Ou seja: "Afinal não era um problema orçamental, era um problema eleitoral: querem é baixar o IRS em ano de eleições europeias, não se preocupando com as questões sociais em 2023."
"Nós marcamos a agenda"
O dirigente do PSD classificou como "uma falácia" dizer que este Orçamento baixa impostos, "quando bate recordes de aumento da carga fiscal". "É não ter capacidade de falar verdade aos portugueses, é mentir descaradamente, de forma menos polida. Baixa o IRS, mas com as duas mãos vai aos impostos indiretos, que são cegos, não são proporcionais", afirmou, classificando como "uma vergonha" a anunciada subida sobre o Imposto Único de Circulação (IUC) para os veículos mais antigos, considerando que atinge "quem tem mais dificuldades". Hugo Soares recusou igualmente que este Orçamento retire discurso ao PSD por ter "contas certas": "Então nós vamos levar lições de contas certas de um partido que já por três vezes levou o país à bancarrota? Contas certas é obrigação de qualquer Governo."
Antes, o líder parlamentar Joaquim Miranda Sarmento tinha voltado a acusar o Governo de "vir a reboque das ideias do PSD", embora "de forma coxa": "Nós marcámos a agenda pública e política quando, a meio de agosto, dissemos que a prioridade principal era a redução do IRS".
Ao mesmo tempo, repetiu as cinco prioridades apresentadas pelo PSD para o OE2024: aumento de rendimentos, da produtividade, medidas na área da saúde, habitação e educação, incluindo a recuperação integral do tempo de serviços dos professores, à razão de 20% ao ano.