Ode Winery. A adega no Ribatejo com um restaurante de inspiração japonesa
Em Vila Chã de Ourique, no Cartaxo, um imponente edifício vermelho acolhe a Ode Winery, Farm & Living, onde todos se regem pela filosofia de "Mínima Intervenção e Máxima Atenção". Um projeto onde se insere o restaurante Cellar Door, inspirado nos bares japoneses Izakaya, que quer trazer algo de diferenciado para esta região do Ribatejo.
A Quinta Ode foi comprada, e entrou em funcionamento, em 2022 pela Immerso Collective. Estende-se por 96 hectares, com uma quinta, uma adega e, no futuro, um resort de luxo. A estrutura atual já tinha recebido um grande investimento dos proprietários anteriores e, por isso, quando os fundadores da Ode Winery, Farm & Living, David Clarkin, Andrew Homan e Ana Araújo chegaram a Vila Chã de Ourique tiveram apenas de reestruturar algumas coisas e substituir alguns equipamentos antigos por outros mais atuais para começar a produzir vinho.
Ode é um poema e uma forma lírica de expressar emoções e foi também o nome escolhido para o conjunto constituído pela adega e a quinta. É, desta forma, que os proprietários pretendem fazer uma homenagem a esta região do Ribatejo e à sua forma de viver.
As vinhas, distribuídas por 96 hectares, estiveram sem produzir durante alguns anos e segundo Jim Cawood, diretor de vinhos, foi esse facto que permitiu começar a sua produção do zero sem terem de esperar mais anos para o terreno estar pronto. Jim é australiano e tem mais de 30 anos de experiência em todas as vertentes do negócio do vinho, já foi sommelier, importador e distribuidor, retalhista de vinhos e também produtor em Espanha.
A adega Ode Winery foi construída em 1902 e no ano 2000 passou por uma grande remodelação, com a integração de novos equipamentos de processamento e armazenamento. Na adega, as únicas partes originais são a destilaria e o laboratório de vinhos, que ainda são utilizados atualmente. Na parte subterrânea, iluminada tal qual uma catedral, encontram-se diversos barris de carvalho e uma sala de degustação. O espaço está aberto para visitas, provas de vinhos e eventos.
Jim espera que a quinta e a adega permitam dinamizar a região de Vila Chã de Ourique e, ao mesmo tempo, conceder oportunidades para as pessoas que lá moram, evitando a sua saída para os grandes centros do país.
"As nossas vinhas têm uma localização muito privilegiada, caracterizada pela riqueza de calcário no solo, um terroir que permite o cultivo de uma grande variedade de castas", explica Maria Vicente, enóloga do projeto.
A vinha tem castas tanto nacionais, incluindo Arinto, Fernão Pires, Alvarinho, Touriga Nacional e Tinta Barroca, como internacionais - Semillon, Viognier, Pinot Gris, Alicante Bouschet, Touriga Franca, Cabernet Sauvignon, Merlot e Syrah. Durante a vindima, todas as uvas são apanhadas à mão para respeitar as suas características.
Os vinhos são produzidos segundo a filosofia da "Mínima Intervenção, Máxima Atenção", em que a equipa da Ode segue princípios orgânicos, sustentáveis e regenerativos para garantir uma uva, e depois um vinho, de qualidade. Todos os vinhos são monocasta e criados para serem elegantes e frutados. "Queremos ter a liberdade de criar o nosso próprio estilo de vinho na região", afirma Jim Cawood.
Na escolha do rótulo dos cinco vinhos que produzem, Jim explica que quiseram fazer algo que não fosse tão clássico e permitisse distingui-los de outros que também são produzidos em toda aquela região. Assim, são inspirados na sua floresta e na forma como a luz vai mudando ao longo das várias alturas do dia. Já o vinho Única deverá ter um rótulo diferente todos os anos, escolhido num concurso direcionado a artistas jovens da região.
Os preços dos vinhos variam entre os 17 e 40 euros, e são vendidos apenas na Garrafeira Nacional e na Garrafeira Imperial.
Além da vinha e adega, complementam a oferta deste projeto com o restaurante Cellar Door, inspirado nos bares japoneses Izakaya, locais tradicionais de convívio depois do trabalho no Japão. Os pratos são simples, juntando comida asiática com um toque de sabores portugueses e que permitem a harmonização ideal com os vinhos da Ode. "Queremos mostrar aos portugueses que o vinho português pode ser bebido com qualquer tipo de cozinha", afirma Jim.
O objetivo foi criar um restaurante diferenciado e que tivesse um elemento de verdadeiro destaque no Cartaxo. No Cellar Door querem ajustar o menu e os ingredientes de acordo com a estação do ano. Vários dos ingredientes que utilizam são plantados na quinta, na aposta num conceito de farm to table [da quinta para a mesa].
Para o futuro está pensada a aposta num resort de luxo, com abertura prevista para 2026, que contará com um hotel de 30 suites que, posteriormente, terá 20 tendas de glamping de luxo, e 20 villas de dois e quatro quartos.
sara.a.santos@dn.pt