Oceano está sem trabalhar desde que deixou de ser adjunto de Carlos Queiroz na seleção da Colômbia em 2020 e quando lhe perguntaram se gostava de trabalhar em Portugal, respondeu: "Sim! Até porque seria um facto curioso: eu seria o único treinador negro na primeira divisão." A resposta dada pelo antigo jogador do Sporting foi uma espécie de rastilho para abordar a questão racial: "O racismo existe, não vamos escamotear isso, porque existe. Em Portugal, que é onde posso falar de uma forma mais assertiva, existe um racismo perigoso, porque é um racismo estrutural. Achas normal não haver um treinador negro na Primeira Liga? O ano passado já não houve ninguém... A maior parte das pessoas acha que é normal e isso é que torna o racismo estrutural.".Para o agora treinador desempregado "não é normal" "ver as poucas oportunidades que os treinadores negros têm", ainda mais tendo em conta a quantidade de bons jogadores negros. Lito Vidigal e Pepa foram os últimos treinadores de raça negra na Primeira Liga, na temporada 2021-22. Um cenário que não é exclusivo de Portugal. Espanha, Itália ou Alemanha não tiveram qualquer técnico de raça negra nos principais campeonatos. Patrick Vieira (Crystal Palace - Inglaterra), Patrick Kisnorbo (Troyes - França), Antoine Kombouaré (Nantes - França), Henk Fraser (Utrecht - Países Baixos) e M´Baye Leye (Zulte Waregem - Bélgica) foram exceções nas principais ligas europeias.."Dou por mim a educar as pessoas quase todos os dias neste tema do racismo. Não devia ser o meu trabalho, ou melhor, devia ser o trabalho de todos", corrigiu o técnico, lembrando como o caso de Vinicius Jr. se "tornou viral" porque é um jogador que "está no topo de pirâmide, que joga no Real do Madrid e obriga toda a gente a falar sobre o tema", mas, segundo ele "existe racismo todas as semanas": "O problema deste mundo é que amanhã acontece sempre outra coisa; mas às vezes o que aconteceu ontem merece ser lembrando e discutido. Este é um problema e é um problema grande.".O racismo marca a entrevista de Oceano Cruz e o primeiro episódio do Final Cut, o podcast da agência Sports Tailors. O antigo internacional português fala ainda de Sporting, Benfica, FC Porto e Sp. Braga e da fase como jogador e desse convite (perdido) para jogar no Barcelona, bem como a aventura de técnico adjunto de Carlos Queiroz no Irão e na Colômbia: "O rótulo de ter treinado com Queiroz é para mim um orgulho, é um bom rótulo. Foi um prazer ter estado com ele estes anos todos. E ainda hoje tenho gente que me diz: epá, pensava que estavas com o Carlos."