Obrigada Agatha Christie, dizem centenas de cartas
O que pode a literatura por uma mulher num campo de trabalho alemão durante a II Guerra? E o que pode por centenas de mulheres em prisões políticas na Roménia? E por um rapaz de 14 anos que sonha já com os filhos que um dia terá? Pode muito, dizem as centenas de cartas de admiradores dirigidas a Agatha Christie. Muitas vezes pode mais do que tudo o resto. As cartas, publicadas agora pela primeira vez no 125º aniversário da autora de 66 romances policias e 14 coleções de contos, podem ser vistas no seu site oficial, disponibilizadas pelo seu neto Mathew Prichard.
1 de junho de 1959. Uma mulher polaca conta à criadora de Miss Marple e Hercule Poirot que, num campo de trabalho alemão durante a guerra, recebeu em troca de um pedaço de vela uma tradução polaca de O Homem do Fato Castanho, único livro que tinha então. "Era uma fascinante e divertida história que lia e relia tão frequentemente que quase a sabia de cor. As primeiras páginas estavam em falta por isso não sabia o título nem o autor, mas durante sete meses aquilo foi a minha única ligação com um mundo normal." E despede-se Irena Malouzynska: "Nunca um dos seus livros pode ter significado mais para alguém do que aquela esfarrapada tradução polaca significou para mim."