Obra sobre música religiosa de Marcos Portugal apresentada no sábado

O investigador António Jorge Marques afirma, na obra "Marcos Portugal (1762-1830): Publicações de música religiosa no século XIX", que "Marcos Portugal foi o mais famoso compositor luso-brasileiro de todos os tempos".
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A obra é apresentada no sábado, na Biblioteca Nacional, em Lisboa, seguindo-se um concerto pelo Coro de Câmara de Lisboa, sob a direção de Teresita Gutierrez Marques, com Sérgio Silva, em órgão positivo, e no qual é apresentada em estreia moderna de "O quam suavis", de Marcos Portugal, uma das peças referenciadas.

O concerto inclui outras obras do compositor que "em termos absolutos foi o mais famoso compositor luso brasileiro de todos os tempos", designadamente excertos do Te Deum e da Missa.

"Na Europa a sua notoriedade deveu se essencialmente ao género dramático, mas em Portugal e no Brasil a sua música religiosa exerceu uma influência que perdurou mais de 100 anos", lê-se no mesmo texto, referindo que "três das obras mais paradigmáticas no século XIX são da sua autoria".

Essas obras - Missa Grande, Te Deum em Ré Maior e as Matinas da Conceição -- mantiveram-se "no repertório das igrejas e capelas até inícios do século XX".

Marcos Portugal, aos 18 anos, "começou a compor música litúrgica para as funções da Santa Igreja Patriarcal, sendo depois contratado pela mesma instituição como compositor e organista" e "até 1792 a sua atividade centrou se sobretudo na composição de música para as cerimónias religiosas da Igreja Patriarcal e para [o Palácio de] Queluz".

Posteriormente, produziu para o Teatro do Salitre, em Lisboa, e de 1792 a 1800 esteve em Itália onde "estreou pelo menos 22 óperas e intermezzi".

António Jorge Marques chama a atenção para o facto de que "a música virtuosística e dramática de Marcos explorava e realçava as capacidades técnicas e interpretativas dos solistas e, em particular, dos 'castrati', aproveitando as idiossincrasias individuais de cada cantor".

O compositor seguiu, em 1807, com a família real para o Brasil, onde permaneceu após a independência do país, ao serviço do imperador Pedro I (rei Pedro IV, de Portugal), tendo sido professor de música das suas filhas Maria da Glória (futura Maria II, de Portugal) e de Januária Maria.

Na opinião do autor, Marco Portugal "viveu os últimos nove anos servindo o imperador do Brasil, sem a glória anterior", mas "aparentemente acarinhado pelo filho (seu aluno aplicado) como tinha sido pelo pai".

A obra, apresentada no sábado por Manuel Pedro Ferreira, David Cranmer e António Jorge Marques, é coeditada pela Biblioteca Nacional de Portugal, Coro de Câmara de Lisboa e pelo Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical, da Universidade Nova de Lisboa.

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