Óbito/José Correia Tavares: Papel fundamental no Grande Prémio APE - Governo
Numa nota de pesar sobre a morte do poeta, ocorrida na quinta-feira, em Lisboa, o ministro da Cultura refere que o trabalho desenvolvido há vários anos por José Correia Tavares, vice-presidente da APE, contribuiu "em definitivo" para a divulgação do Grande Prémio do Romance e Novela APE/Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, "sempre com o objetivo de prestigiar a 'causa comum'", da literatura portuguesa.
José Correia Tavares morreu na quinta-feira, no hospital Egas Moniz, em Lisboa, vítima de acidente vascular cerebral, como informou a APE.
Licenciado em Ciências Antropológicas e Etnológicas, José Correia Tavares nasceu em 1938, em Castelo Branco, onde fez os estudos primários e secundários, fixando-se em Lisboa após o cumprimento do serviço militar em Angola.
O meio literário considera-o um dos pioneiros da chamada "literatura da guerra colonial".
A par do ofício de escritor, foi tradutor, revisor, tendo ainda jovem desenvolvido atividade jornalística e artística. Foi igualmente técnico superior do Ministério da Educação. Era vice-presidente da APE desde 1990, a cuja direção já pertencia.
Autor de caricaturas, desenhos e ilustrações, coordenou também suplementos e publicações culturais. José Correia Tavares teve colaborações dispersas em jornais e revistas, sendo também autor de dezenas de poemas musicados e editados em disco.
Entre as obras que publicou contam-se "Dádiva" (1961), "A flor e o muro" (1962), "Três natais" (1967 e 1981), "Porcelama" (1972), "Beijos e pedradas" (1975 e 1990), "E não me tiveram" e "Fim de citação" (ambas de 1976), "Rio sem ponte" (1977), "Ganhar ofício" (1977), "Atraído ao engano" (1984), "O verso e o rosto" (1987), "Todas estas palavras" (1989) e "O Natal dos porcos" (2003).
Quando da publicação de "Leitura dos actos" (1999), com prefácio da investigadora Silvina Rodrigues Lopes, o autor Serafim Ferreira, cronista, jornalista e crítico literário, destacou "a visão irónica" de José Correia Tavares, e a sua escrita exata, na definição do "grande espetáculo do mundo, como um circo cheio de gente", já que "tudo se denuncia" nos seus poemas.
José Correia Tavares era, por isso "um poeta de escárnio e mal dizer", que recuperou para a moderna literatura portuguesa, "a crítica mordaz, certeira e acutilante", segundo Serafim Ferreira, antigo diretor da Volta a Portugal em bicicleta, que morreu em 2015.
O corpo do escritor está em câmara ardente na Igreja da Nossa Senhora da Ajuda, na Boa-Hora, em Lisboa, a partir das 19:00 de hoje, realizando-se o funeral no sábado, às 12:30, para o cemitério do Alto de S. João, onde será cremado, disse à Lusa fonte da APE.