Óbito/Ferreira-Rosa: Governo realça "trabalho notável" na promoção do fado tradicional
Numa nota de pesar pela morte do fadista emitida hoje, o ministro Luís Filipe Castro Mendes expressou "o seu profundo pesar" pela morte de João Ferreira-Rosa e afirmou que "o seu trabalho foi notável na criação, na preservação e na promoção do fado tradicional", acrescentando que "enquanto autor e intérprete, eternizou canções".
"Enquanto proprietário de um espaço de espetáculos [A Taverna do Embuçado], eternizou o fado, dando voz a inúmeros artistas", lê-se na mesma nota.
Luís Filipe Castro Mendes rematou que "João Ferreira-Rosa perpetuou o património de uma das artes mais portuguesas".
O fadista João Ferreira-Rosa, de 80 anos, morreu domingo de manhã no Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, nos arredores de Lisboa.
O velório do intérprete de "O Embuçado", um poema de Gabriel de Oliveira, que interpretava no Fado Tradição de Alcídia Rodrigues, realiza-se hoje a partir das 18:00 na Igreja de S. Sebastião da Pedreira, em Lisboa.
Na terça-feira é celebrada missa de corpo presente, pelas 14:30, seguindo o funeral para o crematório do cemitério do Alto de S. João, em Lisboa.
Com uma carreira de mais de 50 anos, Ferreira-Rosa gravou alguns fados com letras de sua autoria, como "Triste Sorte", "Os Lugares por onde andámos", "Fado das Mágoas", "Acabou o Arraial", "Mansarda", "Pedi a Deus" ou "Portugal Verde e Encarnado".
Do seu repertório, entre outros, fazem parte "Fragata", um poema de Maria Manuel Cid, que gravou no fado Vianinha, de Francisco Viana, "Os Saltimbancos", de Isidoro Maria d'Oliveira, que interpretava no Fado Mouraria, "Roseira Brava" e "Aquela Velha Mulher da Mouraria".
O fadista estreou-se no programa "Nova Onda", da Emissora Nacional, mas a primeira vez que cantou foi aos 14 anos, em Santarém, no Teatro Rosa Damasceno, numa festa da Escola de Regentes Agrícolas de Santarém, tendo escolhido o "Fado Hilário".
A Enciclopédia da Música Ligeira Portuguesa define-o como de "temperamento irreverente", que gostava de expressar as suas opiniões publicamente, nomeadamente a favor do regime monárquico, que se "afirmou como personagem singular no meio do fado de Lisboa" e com um "extremamente diminuto" percurso discográfico.
O seu último disco foi um duplo CD, "Ontem, Hoje", editado em 1996.
João Ferreira-Rosa nasceu em Lisboa, na freguesia de S. Mamede, em 16 de fevereiro de 1937, tendo-se estreado, profissionalmente, em 1961.