As empresas estão sensibilizadas para a importância da economia circular?.A maioria está nos passos iniciais mas queremos acelerar essa consciencialização. É uma área em que há oportunidades para aproveitar - algumas empresas já o fazem..Que tipo de empresas?.Os retalhistas, Sonae, Jerónimo Martins e a Inditex estão em posição de poder ser pivots entre produtores e consumidores na questão de fechar o ciclo, que significa reutilizar, reaproveitar, refabricar, reciclar. O plano é evitar a produção de resíduos, produzir com mais eficiência e utilizar ao máximo o valor de cada produto. O tema está na ordem do dia em Bruxelas, há um plano de ação e vai haver medidas de incentivo para determinados caminhos e penalização para outros. E as penalizações são ameaças para alguns modelos de negócio. As empresas terão de tomar medidas..[citacao:A economia circular é a maior aposta política na criação de emprego].E terão de adaptar competências?.Vivemos uma transformação digital. As empresas estão a mudar para serem cada vez mais digitalizadas. Isto obriga a investimentos, mas há um risco tecnológico e necessidade de capacitar cada vez mais as pessoas com novas competências. Quem sai das universidades tem um nível de educação e preparação como nunca houve. Nas áreas mais tecnológicas há falta de oferta. Os engenheiros que estão a ser formados são muito menos do que os que precisamos. A Cotec tem respondido aos desafios da inovação desenvolvendo talento..De que forma?.Fizemos o Transforma Talento - uma agenda de identificação e desenvolvimento de talento nacional que conta com todos os ciclos do processo educativo. Lançámos o Portugal, País de Excelência em Engenharia para aumentar a vontade dos alunos do secundário de fazerem cursos nesta área e o Prémio Muda, que visa distinguir projetos de inovação no superior. E estamos a preparar um desafio para universitários, para encontrar soluções para acelerar a transição para a economia circular, um concurso de ideias para apresentar a tempo do encontro nacional Cotec..[artigo:5459447].Para pôr o tema na agenda?.A economia circular é talvez a maior aposta política a nível europeu de criação de emprego, porque com a reutilização, o refabrico e a reparação, quando se promove o fecho do ciclo, volta-se a criar postos de trabalho em que alguns skills podem ser reaproveitados. Tudoisto passa por uma agenda mobilizadora. Nós estamos a fazer o nosso papel..Falou na cibersegurança. Há iniciativas também nessa área?.Estamos a preparar iniciativas para apoiar as empresas na ciber-resiliência. Aproveitando o Web Summit, vamos estabelecer uma ligação mais próxima, na área da transformação digital e cibersegurança, com um dos países que mais inovação tem produzido - Israel. Vamos fazer um business network com parte importante da comitiva israelita..[citacao:Os engenheiros que estão a ser formados são muito menos do que os que precisamos].Portugal vai estar no centro da inovação. Termos captado o Web Summit é uma oportunidade para gerar mais valor?.É certamente. A ebulição em torno das startups tecnológicas alarga o impacto a tudo. Hoje há muitos portugueses e estrangeiros que acham que Lisboa é a melhor localização para as suas startups, o que traz inovação, pessoas qualificadas, capitais para financiar esses projetos, cria um efeito bola de neve positivo. O Web Summit é um enorme acelerador dessa vontade, pela troca de experiências, impressões e oportunidades de negócio que traz, pelo impacto que tem. A imagem e a realidade de Portugal estão a mudar em cima disso. Todos os fenómenos económicos são realidade e perceção e há que trabalhar sobre ambas. O Web Summit fá-lo..O que é essencial para essas empresas se fixarem aqui?.É preciso que este ecossistema de inovação se vá robustecendo. Já há muitas condições garantidas, como a localização, sermos um país seguro, a infraestrutura tecnológica, o que tem de ser reforçado é que quem investe e estas empresas se aproximem mais, para que Lisboa ascenda no ranking de cidades europeias onde é mais fácil lançar iniciativas deste género..[citacao:Gostava que os associados sentissem uma proximidade grande à Cotec].Está a meio do mandato. O que precisa conseguir para o considerar bem-sucedido?.Gostava que os associados sentissem uma proximidade grande à Cotec, que a Cotec lhes é útil e que as iniciativas que promovemos vão ao encontro das suas necessidades e lhes levantam questões, ideias, pistas e oportunidades em que não tinham pensado, e que desta partilha lhes surgem reflexões interessantes.