O verdadeiro regresso de Julia RobertsO fim do mundo com Nicolas Cage Uma comédia negra nas Canárias Um amor fatal também nos nosso dias
A longa-metragem de estreia do espanhol Juan Carlos Falcón é uma comédia dramática negra, filmada num Verão escaldante, numa aldeia de pescadores das Canárias, em redor do velório e do enterro de um homem que, vamos percebendo pouco a pouco, era o mais detestado e temido da zona. Angela Molina interpreta a viúva e é uma das quatro mulheres do título que têm contas a ajustar com o defunto. Falcón podia era ter apostado mais no humor negro.
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O segundo filme de Mário Barroso, após o excelente O Milagre Segundo Salomé, é uma adaptação livre de Amor de Perdição, de Camilo, para a Lisboa dos nossos dias, em que o centro da história é desviado do enredo do amor contrariado entre Simão e Teresa, para a figura de Simão e as manifestações da sua rebeldia (aliás, Teresa aparece só fugazmente). Tomás Alves, Ana Moreira e Catarina Wallenstein interpretam os jovens do triângulo amoroso.
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Confundindo cada vez mais o fazer cara de lorpa com uma interpretação legítima, Nicolas Cage personifica, em Sinais do Futuro, um professor que tem acesso a informação sobre uma série de catástrofes que vão culminar no fim do mundo, e tenta evitá-las. O cataclismo final é impressionante, mas o filme, uma ficção científica místico-apocalíptica com aparição final de aliens e rajadas de clichés, já muito antes passou a fasquia do ridículo ululante.
Muito se falou do "regresso" de Julia Roberts a propósito do banalíssimo Dupla Sedução. É assim o poder dos filmes mais promovidos (mesmo quando são obras-primas): tendem a criar uma barreira informativa, por vezes também jornalística, que leva a esquecer os que não desfrutam da mesma cobertura publicitária. De facto, neste caso, se há objecto que possa simbolizar o relançamento da carreira de Julia Roberts é este em que Dennis Lee se estreia na longa-metragem: as suas qualidades impressionaram de tal modo a actriz que vai ser ela a produzir o seu próximo filme. Estamos, afinal, perante um cineasta que sabe valorizar essa tão peculiar matéria humana que são os actores: Um Segredo Muito Nosso (o título original é um verso de Robert Frost: Fireflies in the Garden) é um belo exemplo de preservação do melodrama como género vocacionado para a observação metódica dos laços familiares e das suas convulsões tecidas de amor e ódio. Além do mais, Lee conseguiu reunir um elenco invulgar, incluindo Ryan Reynolds, Willem Dafoe, Emily Watson e Carrie-Anne Moss.
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