O verdadeiro cinema em casa sem as complicações dos projetores tradicionais
Nunca se construíram televisores tão bons como agora. Não apenas pelas resoluções que os ecrãs atinjiram --4k já é o "básico" nos novos modelos, com 8k a ser o atual argumento de vendas (16k vem a seguir...) -- mas pelas várias tecnologias encontradas, capazes de dar níveis de contraste incríveis e cores cada vez mais "vibrantes".
Mas se os consumidores podem, por vezes, ter dificuldades em escolher, ou até ficar baralhados, entre um ecrã OLED, MicroLED, QLED (ou outra qualquer sigla) na vasta oferta nas lojas, quando por fim concluírem qual a melhor imagem que "encaixe" no orçamento disponível, uma coisa será certa: esse aparelho, por muito excelente que seja, não irá proporcionar uma real simulação de cinema em casa. Isto porque ele próprio, o ecrã de TV, é uma fonte de luz e, no cinema, o silver screen apenas reflete a luz nele projetada. Com isso, vêm algumas características próprias da experiência.
Algumas delas são negativas, convém dizer: é mais fácil conseguir tons negros mais profundos em ecrãs de TV do que em imagens projetadas (aqui estes tendem a ficar acinzentados, ou brilhantes); na projeção, as cores tendem a ter um aspeto mas "deslavado" do que nos televisores de grande qualidade... Mas um projetor de home cinema 4k bem calibrado consegue, hoje em dia, proporcionar uma experiência de qualidade, no mínimo, semelhante ao que se encontra nos cinemas profissionais. Aliás, a olho nu, muitas vezes, até parece melhor. Mesmo!
Os dois maiores argumentos contra a compra de um projetor de cinema em casa sempre foram o preço e a dificuldade de instalação, considerando que o aparelho precisa, por norma, de ficar do lado oposto da sala, normalmente no teto -- e, consequentemente, necessita de ligações, leia-se cabos, a passar de um lado para o outro da divisão.
Se a primeira questão se tem vindo a resolver com o facto de estes aparelhos estarem cada vez mais competitivos (comparativamente, os televisores de alta qualidade estão quase ao mesmo preço), a segunda encontra resposta num tipo de tecnologia chamada "projeção de ultra curto alcance". Algo de que tradicionalmente os puristas fogem... mas as coisas mudaram. E muito.
Os projetores de "ultra curto alcance" colocam-se junto à parede onde a imagem vai ser passada, a uns meros 10 ou 20 centímetros da mesma, em cima de uma mesa. Eles projetam o "filme" para cima de forma gigantesca -- com uma diagonal até umas 130 polegadas. (Também se pode colocar o aparelho no teto, a projetar para baixo.)
Ora sendo as leis da física imutáveis, as distorções óticas criadas por este tipo de sistemas tendem a ser enormes. Qualquer pessoa que tenha pegado numa lanterna e virado a luz junto a uma parede ou chão vê o desenho oblíquo ou trapezoidal que ela faz. É este o efeito que o sistema vai ter de compensar para criar uma imagem "direita" num feixe luminoso distorcido.
Entram aqui vários fatores, como lentes especiais, mas, particularmente, entra a tecnologia de correção de imagem digital que atualmente é capaz de corrigir praticamente qualquer distorção de uma forma impercetível e fácil para o utilizador -- podendo mesmo ajustar-se a imagem através de uma app de telemóvel.
Outro dos grandes avanços tecnológicos para este tipo de aparelhos foi a possibilidade da utilização de laser como fonte luminosa. Não apenas isto permite que estes aparelhos sejam quase instant on, tal como os televisores (os projetores tradicionais podem demorar alguns minutos a chegar ao seu brilho total, enquanto a lâmpada aquece), como passaram a ter uma "vida útil", sem manutenção, na ordem das 20 mil horas -- mais uma vez, o equivalente a uma TV de última geração.
Outra das características que estes aparelhos têm é que, ao contrário do que acontece com os projetores de cinema em casa tradicionais, já incluem uma "mini soundbar".
Os três modelos que esta semana sugerimos, da Samsung, LG e Optoma (todos muito semelhantes), incorporam colunas estéreo, compatíveis com Dolby Digital. Ou seja, estão longe de serem um verdadeiro substituto de um sistema áudio decente -- mais uma vez, exatamente tal como acontece com qualquer televisor --, mas são uma solução remediável.
De resto, todos os aparelhos abaixo usam tecnologia DLP e, sendo 4k (ultra-HD), são compatíveis com HDR10, conseguem uma diagonal de imagem até 120 polegadas quando colocados a apenas 20 cm da parede. Têm uma relação de contraste de 2.000.000:1 e as (já habituais) apps Android e ligação Bluetooth.
Onde eles diferem, ainda que não por muito, é no máximo de luminosidade conseguida. E isto pode ser importante para garantir uma boa imagem mesmo com luzes acesas na sala ou janelas aberta.
Aqui, o CinemaX P2, com 3000 lúmens, o vencedor. E por sinal, é o mais barato dos três: está à venda na loja OnOff por menos de 3000 euros. Um aparelho que foi considerado o melhor de 2020 na sua categoria pelo site especializado Projector Central, vale pelo menos uma visualização.
Quanto à "velha" guerra Samsung vs LG, nos televisores, esta repete-se aqui: o LG CineBeam Laser 4K, com uma luminosidade anunciada "até 2700" lúmens fica em segundo lugar; contra os "2200 (pico)" do Samsung LSP7T The Premiere 2021.
Quanto aos preços: a Worten vende o LG por pouco menos de 4800 euros, enquanto a própria Samsung pede 4500 pelo seu modelo...
Ambos são mais mil e tal euros do que o modelo da Optoma. Justifica-se, tal diferença? É difícil perceber como... A escolha final, claro, será sempre sua. Só lhe pedimos para que não decida nada sem antes ver os três a funcionar.