O suicídio do PS francês tem cura?

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As discussões em família saem sempre inquinadas e por isso o lá fora ensina-nos sempre mais. Portugal, que se queixa tanto, desta vez tem de reconhecer ser um privilegiado: as grandes comoções políticas passam-se no estrangeiro. No ano passado tivemos brexit e Trump e neste ano vamos tendo as réplicas desses terramotos. E, como se não bastasse, temos epifenómenos que, afinal, também se podem tornar desastres. Do balcão, é a vez de olharmos para França. O partido que ganhou as anteriores presidenciais e governa, o PS, está em vésperas de se tornar irrelevante. Já se pode quase garantir: o seu candidato, Benoît Hamon, nem irá à segunda volta. Não só as sondagens o sugerem (já vai em quinto) como, indício mais relevante, cada vez mais políticos do PS abandonam o fraco Hamon. No desastre, ele queixa-se de facadas nas costas. Ora, foi só isto: Hamon sobrestimou-se, como acontece tanto na política. Que ele saia pela esquerda baixa não nos ensina nada, só resolveria o problema que era ele a mais. Outra coisa é um grande partido ter-se permitido a alucinação. E aqui já há lição a tirar. Os partidos são o que são, mas costumam segregar, se não inteligência, pelo menos cautela com aventuras. Hamon foi escolhido em primárias abertas a gente de fora do partido, uma fórmula modernaça, talvez razoável em calmaria mas não agora. Os tempos eleitorais sendo perigosos (há Le Pen), nenhum partido moderado ousaria apresentar Hamon como candidato.

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