O sexo e a tecnologia, uma longa história de amor

De cada vez que aparece uma nova fonte de energia ou matéria-prima, logo surge alguém que pergunta: como é que eu posso usar isto para o prazer sexual?
Publicado a
Atualizado a

Desde que o ser humano descobriu como fabricar utensílios (isto é, produzir tecnologia) que os aplica ao sexo. Exagero? Não. O "brinquedo sexual" mais antigo conhecido, um dildo de pedra, tem cerca de 28 mil anos - é anterior à invenção da agricultura. E há representações de atos sexuais ainda mais antigas, com pelo menos 35 mil anos. Cedo a humanidade começou a utilizar as mais recentes inovações tecnológicas ou artísticas (os conceitos misturavam-se) como ferramentas de prazer. Hoje, fazemos exatamente o mesmo.

Consoante a sociedade se foi tornando mais tecnológica, multiplicaram-se as invenções deste género. O boom científico europeu da época vitoriana deu-nos: o vibrador (primeiro a vapor, em 1869, e logo depois elétrico), receitado para curar as "histerias femininas"; o butt plug, chamado de Dilatador Retal pelo americano Frank E. Young em 1892, feito de borracha sólida, com 10 cm de comprimento e três de diâmetro, vendido como tratamento para as hemorroidas (!); e as vulgarmente chamadas "bonecas insufláveis", que fazem a primeira aparição em França em 1904 - logo após a invenção da borracha vulcanizada. (Para saber mais, leia este curioso e informativo artigo).

É como se, de cada vez que aparece uma nova fonte de energia ou matéria-prima, logo surge alguém que pergunta: como é que eu posso usar isto para o prazer sexual?

Passemos ao lado do cinema (os primeiros filmes pornográficos datam de 1896), do telefone (o "telessexo" transformou-se num lucrativo negócio nos anos 1980, mas é impossível saber quando foi feito o primeiro telefonema do género) e da televisão (tem idade para se lembrar do fenómeno "canal 18" na TVCabo? Do choque com o Império dos Sentidos no Canal 2? E do escândalo Pato com Laranja da RTP1? - tão ridículos que nós éramos!) e entremos no imenso mundo das "novas tecnologias".

É que dificilmente se encontra terreno mais fértil para o "entretenimento de adultos" do que os computadores (e a internet). A relação do mundo digital com o sexo é como alguns casamentos: recíproca e frutuosa.

Segundo a Forbes, estima-se que até 30% do tráfego da internet é hoje dedicado a conteúdos sexuais. E o porno tem mesmo sido grande motivador de evolução tecnológica.

Muitos dos codecs (codificadores/descodificadores) utilizados para transmitir vídeo pela internet foram aperfeiçoados a serviço dos sites pornográficos, que precisavam de transmitir os seus "filmes" utilizando a menor largura de banda possível.

Os brinquedos sexuais evoluiram para gadgets digitais, que se ligam a smartphones, como é o caso dos vibradores que podem ser controlados à distância, pela internet, através de uma app (ideais, por exemplo, para casais que passam longas temporadas afastados).

Em franco crescimento está também a oferta de pornografia para realidade virtual - ainda que, como descobriu o site especializado VRHeads, poucos ainda sejam de qualidade. (Eles testaram-nos.)

Mas a grande revolução virá da robótica. Ou, dito de outra forma, da próxima geração de "bonecas (e bonecos) insufláveis", que nesta semana foram notícia. Robôs sexuais que serão capazes de falar, responder ao toque e simular o tato e a temperatura do corpo humano. Estão a ser desenvolvidos por empresas como a americana Abyss Creations (www.realdoll.com) e espera-se que cheguem ao mercado no próximo ano. O preço previsto? 13 mil euros. Carote, talvez, mas a amortização do valor dependerá do uso que se dá ao produto...

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt