A costa norte de Portugal, entre a foz do Douro e a do Minho, com a Guarda, na Galiza, do outro lado do rio, e o seu imponente monte de Santa Tecla, preserva um segredo maravilhoso, por enquanto pouco conhecido por grande parte dos portugueses e peregrinos dos quatro cantos do mundo: o Caminho português da costa a Compostela. A grandiosidade e a beleza dos 109 quilómetros de costa que vão do Porto a Caminha são testemunha de grande parte do traçado desta histórica rota jacobina de 149,5 quilómetros, dificuldade baixa e dividida em sete etapas que se podem alargar, consoante a preparação física de cada peregrino. .Só neste primeiro trimestre de 2018, o número de peregrinos que escolheu esta rota aumentou mais de 86% e se recuarmos a 2017 é o caminho que mais cresce, em comparação com as outras rotas jacobinas em Portugal e em Espanha. Sendo que ainda há muito potencial para poder aumentar o número de peregrinos, apostando na promoção da rota, na edificação de albergues, fontes e postos de atendimento..Os dez concelhos pelos quais a rota passa até chegar a Espanha - Porto, Matosinhos, Maia, Vila do Conde, Póvoa de Varzim, Esposende, Viana do Castelo, Caminha, Vila Nova de Cerveira e Valença - começaram a trabalhar incansavelmente e em equipa, desde 2007, para conseguir fundos comunitários da Europa que permitissem dinamizar a rota, dotá-la de sinalética e adaptá-la às necessidades dos peregrinos do século XXI, que até há dois anos escolhiam maioritariamente o Caminho Central - que parte também do Porto mas vai pelo interior, até Valença. "O nosso Caminho, além de estar muito bem sinalizado, conserva toda a sua beleza única, já que percorre maioritariamente a costa até chegar a Valença", confirma Aurora Viães, vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira..Um dos aspetos que mais surpreendem pela positiva quem percorre a pé ou de bicicleta as diferentes etapas do Caminho português da costa a Compostela e já conhece outras rotas jacobinas é a conservação da sua essência antiga. Em muitos casos embelezado por caminhos medievais de pedra, rodeados de árvores, ou com o mar a fazer de pano de fundo da caminhada. Também se destaca a excelente sinalética, financiada com parte dos dois milhões de euros dos fundos comunitários Norte 20/20. .Há ainda que assinalar que este projeto implica um rigoroso trabalho de investigação por parte das dez câmaras municipais envolvidas e diferentes universidades do norte de Portugal e da Galiza, o qual finalmente colherá os seus frutos nos dias 1 e 2 de junho, na Maia. É esse o fim de semana em que se realiza o Congresso Internacional dos Caminhos de Santiago, no qual vão participar investigadores e técnicos como Manuel Araújo, Miguel Costa e Paula Ramalho, dos concelhos do Porto, Viana do Castelo e Vila Nova de Cerveira, que vivem com paixão o seu trabalho e desenvolveram com as suas equipas municipais importantes e decisivas investigações destinadas a dar a conhecer esta rota.