São 85 anos celebrados com 15 horas non stop de espetáculos que refletem as artes que o Teatro Municipal Rivoli, no Porto, divulga ao longo do ano: a dança, o teatro, a música e a literatura. Amanhã, entre as 11.00 e as 02.00, o diretor deste centro artístico portuense, Tiago Guedes, espera a adesão à festa, de forma a manter "o sucesso de público" que tem sido o Rivoli nos últimos dois anos. A entrada é gratuita..Este êxito junto da cidade tem sido a correspondência ao fervilhar de ideias e projetos, de grupos de teatro a artistas independentes, que constituem hoje o tecido cultural do Porto. "A maioria dos artistas que participam nesta festa são do Porto ou trabalham na cidade", aponta Tiago Guedes, diretor do Rivoli desde janeiro de 2015..A abrir, às 11.00, há quatro propostas para descobrir. Começa com Distraído, uma coreografia de Elizabeth Lambeck. Noutro espaço do teatro pode assistir a Da Gaivota Nascem os Sons, um espetáculo do coletivo Sonoscopia. Nuno Preto, elemento dos Palmilha Dentada, apresentará o seu Fomos Ficando, enquanto no café-concerto há uma leitura encenada com criação e interpretação de Catarina Lacerda e Susana Madeira, a partir de oito poemas da Regina Guimarães, do livro Comer a Língua. "São quatro pequenas peças, mais dirigidas ao público jovem, no fundo que podem reunir toda a família", explica Tiago Guedes..Durante a tarde mantém-se a matriz de organização do evento com mais peças, "com outra forma e também para outros públicos". Há a estreia da peça Festa para Um, criada e interpretada por António Júlio; a performance Ensaio com Orquestra, de Joclécio Azevedo; a percussão dos Drumming também ecoará e há um momento de literatura na casa de banho. "O escritor Valter Hugo Mãe vai instalar-se num espaço inusitado do Rivoli - o WC dos homens do piso zero. Aí, qual sala de visitas improvisada, receberá os seus leitores, rodeado de alguns objetos pessoais reveladores", refere a nota de promoção dos 85 anos do Rivoli..Nuno Coelho, um designer da cidade, criou o Arquivo do Rivoli, um projeto com uma exposição e uma publicação que dá a conhecer facetas ocultas do teatro. Há mais pontos altos, avisa Tiago Guedes, como o concerto-performance Harmonies, por Joana Gama, Luís Fernandes e Ricardo Jacinto, um trio que irá aqui celebrar os 150 anos do nascimento de Erik Satie, e a estreia do espetáculo de dança de Marco da Silva Ferreira Brother..Em jeito de fecho, o concerto com Tiago Pereira, o Grupo de Percussão de Valhelhas e os Sensible Soccers. E estarão todo o dia patentes duas instalações, de Emanuel de Sousa e de Joana Castro. "Esperamos receber um grupo muito variado de espectadores, à semelhança do que vem acontecendo desde janeiro de 2015. Podemos dizer que há um sucesso de público, com muita diversidade e diferentes faixas etárias. Este programa reflete isso e ainda a procura de mais público, de pessoas novas", afirma o diretor que também dirige o Teatro do Campo Alegre..Tiago Guedes está convicto de que o Rivoli dá assim sequência ao muito trabalho desenvolvido atualmente no Porto, com "novos artistas, muita vivacidade". O Porto, diz, sempre "foi uma cidade de cultura e, neste momento, tem uma boa fase da sua dinâmica"..Nesta lógica, o orçamento para 2016 será o maior de sempre, superior a um milhão de euros - "1,056 millhões de euros", precisa o diretor. Neste ano pretende dar um novo passo. "A expectativa é passar da novidade para a comunidade. Gerou-se um grande burburinho a propósito deste projeto. O desafio agora é passar à consolidação de públicos e também à internacionalização, conseguir trazer grandes companhias de dança e teatro.".A programação para o primeiro semestre, já apresentada, quer dar resposta a esta ideia e Tiago Guedes destaca dois espetáculos a apresentar em março. "Uma aposta é Foco Deslocações, sobre migrações e refugiados com a dança de dois artistas que saíram do seu país para trabalhar", Dorothé Munyaneza, do Ruanda, e Mithkal Alzghair, sírio que vive em França, nos dias 3 e 4. Outro é a estreia mundial de Couture Essentielle, sobre a história da moda, de Olivier Saillard, diretor do Museu da Moda de Paris. Será a 17 e 18 no Salão Árabe do Palácio da Bolsa e promete trazer ao Porto cinco modelos, musas nos anos 1980 dos principais criadores de moda.