"Todos nascemos com o melhor dispositivo apontador - os nossos dedos." Quando, a 9 de janeiro de 2007, Steve Jobs mostrou ao mundo o primeiro iPhone, foi assim que o guru da Apple descreveu a nova forma de interagir com o aparelho: gestos sobre um ecrã, "o mais revolucionário interface desde o rato"..Mestre quase inigualável no marketing, Jobs conseguiu nesta apresentação dar a entender que o ecrã tátil era uma invenção sua (na realidade, surgiu pela primeira vez em 1982, na Universidade de Toronto) e passar a ideia de que em breve todos os outros meios de interação com as máquinas se tornariam obsoletos..Treze anos volvidos, nada poderia estar mais longe da verdade. Ainda que, de facto, o uso das mãos permita uma utilização da tecnologia informática totalmente intuitiva - veja-se como as crianças, que ainda mal conseguem andar, fazem os movimentos certos para ativar botões, "passar páginas" ou até ampliar a imagem nos tablets -, para uma enorme quantidade de atividades o rato (ou equivalente) continua a ser insubstituível..Em qualquer ação no ecrã que exija grande precisão - seja o simples posicionamento do cursor entre dois caracteres num processador de texto ou acertar com um tiro num alvo longínquo nos videojogos - o rato tem-se demonstrado a melhor e mais versátil ferramenta informática alguma vez criada. Aliás, a própria Apple continua sem equipar os seus Mac com ecrãs sensíveis ao toque....O segredo não esteve no nome nem deu fortuna."Indicador de Posição X-Y para um Sistema Visual". Foi com esta designação que a invenção foi patenteada pelo norte-americano Douglas Engelbart. A patente foi-lhe atribuída em 1970, mas o objeto tinha ganhado forma sete anos antes. Era de madeira e tinha um pequeno botão tipo interruptor de candeeiro na parte de cima. Por baixo, na zona que ficava encostada à mesa, duas pequenas rodas mediam o movimento do aparelho ao ser empurrado pelo utilizador, transferindo-o eletronicamente para o ecrã..O objetivo de Engelbart, e do seu assistente Bill English, no Instituto de Pesquisa de Stanford, Califórnia, era criar o dispositivo apontador que fosse mais eficiente para o utilizador. Até àquela data, as duas formas mais comuns de fazer deslocar o cursor no ecrã de computador eram a light pen (uma caneta eletrónica com um sensor de luz na ponta capaz de "ler" a posição no ecrã ao tocá-lo) e a trackball (uma bola montada sobre rolamentos que o utilizador faz rolar com a mão, cujo movimento é reproduzido no ecrã)..Engelbart e English concluíram que o dispositivo que tinham criado era o que permitia aos utilizadores passarem deste para o teclado com maior rapidez. A invenção viria a revelar-se fundamental para a utilização dos interfaces gráficos. Em 1973, o primeiro computador com sistema operativo totalmente baseado em "apontar e clicar", em vez de linhas de comando, o Xerox Alto, vinha equipado de origem com teclado e rato..A máquina foi à época considerada revolucionária - tanto que Steve Jobs, em 1979, organizou duas visitas do pessoal da Apple às instalações da Xerox para que a vissem (e se inspirassem...) - mas não conquistou o nível de popularidade dos sistemas que viriam a seguir..É só na década de 1980 que o dispositivo começa a ser utilizado massivamente, com a popularidade dos Apple (primeiro o Lisa e depois os Macintosh) e dos Commodore Amiga. Nesta altura, já a patente de Engelbart tinha expirado, pelo que o engenheiro acabou por não receber royalties pela sua invenção..O que ficou para sempre, no entanto, foi a alcunha "rato", que o próprio Engelbart dera ao "Indicador de Posição X-Y", inspirado pela forma do aparelho e respetiva "cauda", o fio que o ligava ao computador..Instrumentos de precisão.A versão original do rato media o movimento através de duas rodas, mas logo em 1972 surgiram os primeiros ratos com bola - que tinham na base uma esfera cujo movimento era captado por duas roldanas no interior do dispositivo - que se manteriam comuns até ao início do século XXI. Isto apesar de o primeiro rato ótico - que dispensava qualquer peça mecânica para funcionar - ter sido criado logo em 1988. E, mais uma vez, pela Xerox. Utilizava já a luz LED para medir o movimento, tal como todos os modelos que hoje se compram, mas o elevado preço destes componentes à época fez que fosse preciso esperar mais de dez anos para que aparecessem os primeiros modelos com preços acessíveis..A evolução levou a que os ratos perdessem a "cauda", com as tecnologias de transmissões de dados sem fios, e os sistemas óticos (em alguns casos utilizando o laser) tornaram-se cada vez mais precisos, funcionando em virtualmente qualquer superfície (incluindo vidro)..A sua função, essa, permanece. E ainda está para surgir algo mais eficiente. Que o digam os gamers mais ferrenhos, que estão na disposição de dar mais de 130 euros por um Logitech G900 Chaos Spectrum, que, com apenas 107 gramas e 11 botões, é o rato para jogar mais avançado (e caro) disponível no mercado
"Todos nascemos com o melhor dispositivo apontador - os nossos dedos." Quando, a 9 de janeiro de 2007, Steve Jobs mostrou ao mundo o primeiro iPhone, foi assim que o guru da Apple descreveu a nova forma de interagir com o aparelho: gestos sobre um ecrã, "o mais revolucionário interface desde o rato"..Mestre quase inigualável no marketing, Jobs conseguiu nesta apresentação dar a entender que o ecrã tátil era uma invenção sua (na realidade, surgiu pela primeira vez em 1982, na Universidade de Toronto) e passar a ideia de que em breve todos os outros meios de interação com as máquinas se tornariam obsoletos..Treze anos volvidos, nada poderia estar mais longe da verdade. Ainda que, de facto, o uso das mãos permita uma utilização da tecnologia informática totalmente intuitiva - veja-se como as crianças, que ainda mal conseguem andar, fazem os movimentos certos para ativar botões, "passar páginas" ou até ampliar a imagem nos tablets -, para uma enorme quantidade de atividades o rato (ou equivalente) continua a ser insubstituível..Em qualquer ação no ecrã que exija grande precisão - seja o simples posicionamento do cursor entre dois caracteres num processador de texto ou acertar com um tiro num alvo longínquo nos videojogos - o rato tem-se demonstrado a melhor e mais versátil ferramenta informática alguma vez criada. Aliás, a própria Apple continua sem equipar os seus Mac com ecrãs sensíveis ao toque....O segredo não esteve no nome nem deu fortuna."Indicador de Posição X-Y para um Sistema Visual". Foi com esta designação que a invenção foi patenteada pelo norte-americano Douglas Engelbart. A patente foi-lhe atribuída em 1970, mas o objeto tinha ganhado forma sete anos antes. Era de madeira e tinha um pequeno botão tipo interruptor de candeeiro na parte de cima. Por baixo, na zona que ficava encostada à mesa, duas pequenas rodas mediam o movimento do aparelho ao ser empurrado pelo utilizador, transferindo-o eletronicamente para o ecrã..O objetivo de Engelbart, e do seu assistente Bill English, no Instituto de Pesquisa de Stanford, Califórnia, era criar o dispositivo apontador que fosse mais eficiente para o utilizador. Até àquela data, as duas formas mais comuns de fazer deslocar o cursor no ecrã de computador eram a light pen (uma caneta eletrónica com um sensor de luz na ponta capaz de "ler" a posição no ecrã ao tocá-lo) e a trackball (uma bola montada sobre rolamentos que o utilizador faz rolar com a mão, cujo movimento é reproduzido no ecrã)..Engelbart e English concluíram que o dispositivo que tinham criado era o que permitia aos utilizadores passarem deste para o teclado com maior rapidez. A invenção viria a revelar-se fundamental para a utilização dos interfaces gráficos. Em 1973, o primeiro computador com sistema operativo totalmente baseado em "apontar e clicar", em vez de linhas de comando, o Xerox Alto, vinha equipado de origem com teclado e rato..A máquina foi à época considerada revolucionária - tanto que Steve Jobs, em 1979, organizou duas visitas do pessoal da Apple às instalações da Xerox para que a vissem (e se inspirassem...) - mas não conquistou o nível de popularidade dos sistemas que viriam a seguir..É só na década de 1980 que o dispositivo começa a ser utilizado massivamente, com a popularidade dos Apple (primeiro o Lisa e depois os Macintosh) e dos Commodore Amiga. Nesta altura, já a patente de Engelbart tinha expirado, pelo que o engenheiro acabou por não receber royalties pela sua invenção..O que ficou para sempre, no entanto, foi a alcunha "rato", que o próprio Engelbart dera ao "Indicador de Posição X-Y", inspirado pela forma do aparelho e respetiva "cauda", o fio que o ligava ao computador..Instrumentos de precisão.A versão original do rato media o movimento através de duas rodas, mas logo em 1972 surgiram os primeiros ratos com bola - que tinham na base uma esfera cujo movimento era captado por duas roldanas no interior do dispositivo - que se manteriam comuns até ao início do século XXI. Isto apesar de o primeiro rato ótico - que dispensava qualquer peça mecânica para funcionar - ter sido criado logo em 1988. E, mais uma vez, pela Xerox. Utilizava já a luz LED para medir o movimento, tal como todos os modelos que hoje se compram, mas o elevado preço destes componentes à época fez que fosse preciso esperar mais de dez anos para que aparecessem os primeiros modelos com preços acessíveis..A evolução levou a que os ratos perdessem a "cauda", com as tecnologias de transmissões de dados sem fios, e os sistemas óticos (em alguns casos utilizando o laser) tornaram-se cada vez mais precisos, funcionando em virtualmente qualquer superfície (incluindo vidro)..A sua função, essa, permanece. E ainda está para surgir algo mais eficiente. Que o digam os gamers mais ferrenhos, que estão na disposição de dar mais de 130 euros por um Logitech G900 Chaos Spectrum, que, com apenas 107 gramas e 11 botões, é o rato para jogar mais avançado (e caro) disponível no mercado