O que significa ser católico nos dias de hoje?

Uns têm fé, outros não. Mas uns e outros aceitaram assumir publicamente o que é ser católico no mundo de hoje e o que pensam deste Papa. O Papa que é criticado por alguns dentro do Vaticano, que já criticou católicos, que dizem ser, mas que não vivem segundo o Evangelho, mas que é muito elogiado pelos não crentes
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Fernando Santos, selecionador de Portugal

Fernando Santos, selecionador de Portugal, que se sagrou campeão europeu no ano passado ao serviço da equipa nacional de futebol, assume que a sua ideia de ser católico passa por acreditar "em Cristo, na sua morte e ressurreição", salientando que no seu entender nada mudou em relação à religião. "Ser católico hoje em dia? Hoje e sempre. Fazer parte da Igreja Católica Apostólica Romana. É diferente de ser cristão. Ser cristão é acreditar em Cristo, na sua morte e ressurreição. Ser católico é, para além disso, fazer parte da Igreja católica apostólica romana", afirmou ao DN.

Paula Bobone, escritora

Paula Bobone considera que "ser católico é ter a consciência da necessidade de transmissão de uma herança cultural muito antiga que está consignada a uma ética e uma estética muito próprias. Em termos éticos, assenta sobretudo na transmissão dos valores do cristianismo, algo que penso estar assegurado, embora, por vezes, se pudesse fazer mais. Do ponto de vista estético temos a beleza das igrejas, um património que não só faz sonhar como é uma viagem no tempo".

Maria de Belém, jurista e antiga presidente do PS

Maria de Belém acredita que "ser católico atualmente é estar preocupado com a mensagem de Cristo, é seguir a sua mensagem original" e os ideais que a Igreja pretende transmitir. Maria de Belém considera que existem diferentes tipos de católicos. "Há uns cristãos mais ritualistas que outros", sublinha.

Carlos Lopes, campeão olímpico da maratona em 1984

"Acredito que ainda é aquilo que sempre significou; ter convicções, seguir a doutrina cristã e acreditar. Estes dois últimos papas são um sinal positivo daquilo em que todos nós nos revemos. O Papa Francisco e o Papa Bento XVI têm feito acreditar que a fé é um meio para termos confiança no nosso futuro. Sempre tive fé, sempre acreditei naquilo que fazia e continuo a ter", frisou o campeão olímpico.

José Manuel Pureza, deputado do BE e vice-presidente do Parlamento

"Ser católico é, mais que tudo, ser cristão, é não querer da vida menos que um ensaio permanente de imitação da vida de Jesus. Não é, pois, pertencer a um clube nem a uma agremiação identitária. É comungar com outros/as de um projeto de vida em que a fraternidade é o princípio fundador e em que, por ser assim, os pobres são o centro das escolhas", frisou José Manuel Pureza. Para o deputado "não há partidos católicos, nem políticas católicas, nem leis católicas, há vidas que se aproximam do que foi a vida de Jesus de Nazaré e da radicalidade dos seus gestos de amor pelos/as excluídos/as".

Ana Rita Bessa, deputado do CDS-PP

"Ser católica é para mim uma identidade. Define-me, constitui-me e é - pelo menos procuro que seja - critério de escolhas e construção, que me toma a vida toda e durará toda a vida." Para a deputada do CDS-PP, "é um caminho, interior e externo, de apreensão do que é a Misericórdia de Deus, para mim e para os outros; é um desafio a viver segundo critérios de um Amor exigente mas também de um Perdão sempre concedido. As palavras que marcaram a minha educação - "Em tudo amar e servir", de Santo Inácio de Loyola - tornam-se hoje ainda mais reais e vivas. Talvez por isso a pessoa de Jesus na Sua vida pública me seja tão interpelante. Ser católica hoje é não baixar os braços".

José Manuel Silva, ex-bastonário da Ordem dos Médicos

Para José Manuel Silva, ex-bastonário da Ordem dos Médicos, "ser católico é uma fé". O candidato independente à Câmara de Coimbra refere que é "um modo de vida, de ser e de estar. É ter uma preocupação com os valores da sociedade e uma preocupação com os outros". O ex-bastonário entende que os católicos devem ter a capacidade de encarar os vários desafios que surgem ao longo da vida com base no amor e na solidariedade.

Isilda Pegado, presidente da Federação Portuguesa pela Vida

"Ser católica é abraçar o mundo com muita alegria, em todas as circunstâncias, porque temos a certeza de que há um Deus, que é o Deus do amor. E isso vive-se em cada dia e em cada minuto da nossa vida, com muita liberdade", diz Isilda Pegado, presidente da Federação Portuguesa pela Vida.

Duarte Marques, deputado do PSD

Duarte Marques entende que ser católico nos dias de hoje "é ser solidário, tolerante e procurar todos os dias realizar boas ações que ajudem o próximo, não porque isso nos garanta um lugar no céu, mas porque é assim que construímos um mundo melhor", afirma.

Sara Moreira, maratonistas

"O que significa ser católico foi-me passado pelos meus pais e também pela minha família, toda ela católica praticante. Julgo que o seu significado, nos dias de hoje, não é diferente do que era há alguns anos. Sem dúvida que a minha fé se reflete na minha forma de estar em sociedade e de competir. Até porque quanto maior é a distância, mais temos de nos agarrar à fé, acreditando que há algo acima de nós e nos está a orientar naquele sentido. Não há fé que nos faça ganhar, o nosso trabalho é que tem de ser bem feito. Mas eu já me agarrei à fé em muitos momentos da minha carreira", salientou a atleta portuguesa.

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