O que faz Muster correr contra o tempo

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Thomas Muster está a ser o mais mediático jogador da 10.ª edição do Vale do Lobo Grand Champions CGD que hoje se conclui, não só por se ter qualificado pela primeira vez para a final, em quatro participações na prova, mas sobretudo pela excelente forma física e pelas entrevistas.

O austríaco de 42 anos foi conhecido em Portugal pelas alcunhas de "Ogro de Leibnitz" e "Thomas Monstro", mas no estrangeiro chamavam-no de "Homem de Ferro" ou "Rei da Terra Batida".

O "Homem de Ferro" está de volta não só a Hollywood, mas também aos courts - Muster perdeu 18 quilos no último ano, 12 dos quais nas derradeiras dez semanas. À agência Lusa declarou que vai jogar "15 ou 20 torneios do circuito Challenger em 2011". Em O Jogo soube-se que já combinou treinar com Rafael Nadal na pré- -temporada e a A Bola contou que lançou o desafio de "jogar com os mais novos".

Lembram-se que quando terminava um encontro no Estoril Open ia fazer flexões para o balneário? Quinze anos depois voltou a fazer o mesmo em Vale do Lobo e tem treinado sob temperaturas de 40 graus à superfície do court, ao ponto de afugentar os parceiros. Quando acaba de jogar faz abdominais e corridas.

Há dois dias, disse-me que ia desafiar o médico do torneio, Hugo Vasques, porque ninguém queria treinar com ele a um ritmo alucinante.

Nuno Marques, um dos que recusaram treinar às 14.00, assegurou-me que "o Thomas meteu claramente aquele chip de competição de outros tempos".

O ex-campeão de Roland Garros sempre foi de exageros. Ou adora ou odeia o ténis; ou apresenta um físico de um triatleta, como agora, ou deixa-se engordar até mais de cem quilos, como há cinco anos; ora se zanga com a Áustria e vai viver para a Austrália ora regressa ao seu país natal.

E não se pense que o regresso à II Divisão do circuito profissional (Challenger), com 42 anos, é por precisar de dinheiro.

O tenista e ex-pintor abstracto é um bem sucedido empresário com marcas de roupas, águas minerais e vinhos, exportando mais de um milhão de garrafas por ano.

Thomas Muster está simplesmente a viver a habitual crise dos 40, quando um homem ainda pensa e sonha como um jovem, mas apercebe-se da sua mortalidade corporal. O antigo n.º 1 mundial corre loucamente contra o tempo.

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