O que esperar da I Liga 2017-18?

Três jornalistas e comentadores habituais do universo do futebol responderam a cinco perguntas do DN sobre a nova época
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1. O Benfica é o (tetra)campeão em título, o FC Porto foi o campeão da pré-época, o Sporting o campeão das contratações até agora. Quem parte na 'pole' para a corrida ao título e porquê?

2. E qual dos três treinadores parte mais pressionado: Rui Vitória, Jorge Jesus ou Sérgio Conceição?

3. Qual é o jogador dos três grandes mais importante para a sua equipa e qual o melhor reforço?

4. Fora dos três grandes, que equipa tem potencial para ser a melhor surpresa da Liga?

5. O video-árbitro é uma boa nova e vai acalmar as polémicas de arbitragem?

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António Tadeia

jornalista, diretor do site Bancada.pt

1. Apesar de tudo, o Benfica, sobretudo se conseguir até final do mês suprir as lacunas que o mercado lhe deixou no plantel. Tem a favor a tranquilidade de quatro títulos seguidos, mas precisa de um guarda-redes e de um lateral-direito. O FC Porto formou excelente equipa, mas ainda tem de ser testado com maior exigência. E o Sporting, que fez boas aquisições, acaba por ser quem mais muda.

2. Sem dúvida Jorge Jesus. A sua chegada a Alvalade foi para ganhar campeonatos, o salário que aufere pede-lhe campeonatos e os já 15 anos sem uma Liga em Alvalade também. Vitória goza de algum lastro de tranquilidade pelo bicampeonato ganho à frente do Benfica e Sérgio Conceição acaba de chegar - precisa é de capitalizar em cima disso em vez de ser tão emotivo e sanguíneo, o que pode intranquilizar a equipa.

3. No Benfica Jonas, no FC Porto era bom que fosse Óliver, no Sporting Gelson. Jonas dá génio a uma equipa que no resto é certa e veloz. O crescendo de influência de Óliver a partir de zonas mais recuadas pode transformar a equipa portista. E Gelson tem tudo para ser o jogador mais influente da Liga, pela criatividade e pela velocidade. Nos reforços os destaques são Seferovic, Aboubakar e Acuña.

4. Marítimo, Vitória SC e SC Braga continuam a ser as equipas mais fortes a seguir aos grandes, ajudadas pelo facto de serem das que têm público próprio, também. Quanto aos outros, se pudéssemos adivinhar, deixariam de ser surpresa.

5. Sim e não. Claro que é uma boa nova, porque vem aumentar a fiabilidade dos meios de diagnóstico ao serviço dos árbitros, que sendo quem decide faziam-no com menos condições do que qualquer espectador sentado no sofá lá de casa. É evidente que não vai acalmar as polémicas de arbitragem porque estas não dependem dos árbitros nem dos jogadores mas sim da má formação desportiva de alguns adeptos e dirigentes. Esses continuarão a negar todas as evidências que não corroborem a sua própria cegueira.

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David Borges

jornalista, comentador da SIC

1. Naturalmente, o Benfica. Foi campeão nas últimas quatro épocas e tem o impulso complementar de estar diante da possibilidade de alcançar o quinto título consecutivo. Diria que na segunda posição parte o Sporting, por alguma solidificação dos princípios de jogo defendidos por Jorge Jesus, com o complemento de algumas contratações e de importantes regressos, com Podence à cabeça. Na terceira posição o FC Porto, porque mudou de técnico e porque se encontra muito pressionado pelo fair play financeiro. No entanto, tem a favor o facto de manter quase intacta a estrutura, de ter feito regressar jogadores valiosos como Ricardo e Aboubakar e de ter emitido nesta pré-época sinais muito estimulantes.

2. Claramente Jorge Jesus. Porque não pode falhar a sua terceira tentativa de conquistar o título, nem o Sporting, pelo fortíssimo discurso de conquista do seu principal dirigente, admitirá novo fracasso. Rui Vitória tem por si a confortável almofada dos dois títulos conquistados e Sérgio Conceição o benefício de ser a sua primeira época - sendo, porém, verdade que já se comprometeu verbalmente com o título e terá de responder por tanta certeza antecipada...

3. No Benfica, continuará a ser Pizzi, parecendo ser Seferovic o melhor reforço. No Sporting, Bas Dost deve continuar a fazer muitos golos e quanto a "reforços", Podence, se a sua juventude não o colocar como elemento desvalorizado por Jesus. No FC Porto, Aboubakar pode provar o tremendo erro da sua dispensa e ser o grande reforço.

4. Aposto ano após ano no Rio Ave, que parece ter tudo para dar dois passos em frente. Nas últimas épocas, por isto ou aquilo, ainda não conseguiu chegar-se muito à frente. Muito expectante com o Chaves sob o comando desse cavalheiro e excelente treinador Luís Castro.

5. É uma boa nova, mas temo que venha a duplicar as polémicas. Se até aqui se discutiam as arbitragens, a partir de agora vão discutir-se as arbitragens e as videoarbitragens. Imagine-se ocorrências semelhantes às da Taça das Confederações...

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José Manuel Ribeiro

jornalista, diretor do jornal O Jogo

1. Parte o Benfica, porque o campeonato português é simples. Apesar das questões pendentes com o guarda-redes e o lateral-direito, o Benfica não só manteve a sua bomba atómica - os três pontas-de-lança - como a ampliou com o suíço Seferovic. Neste momento, dispõe de três goleadores titulares nas suas seleções, e o outro é Jonas, o melhor dos quatro. Numa liga como a portuguesa - jogada sempre a medo -, continua a ser um argumento imbatível.

2. Depende da perspetiva. Quem tem mais obrigações é o Benfica, porque dispõe da equipa tetracampeã, do dinheiro e da estabilidade. Quem enfrenta mais expectativas dos adeptos são os outros dois. O FC Porto, por causa dos quatro campeonatos perdidos e do entusiasmo gerado por esta pré-época; o Sporting, porque paga sete milhões de euros a um treinador que, supostamente, é garantia de campeonatos ganhos.

3. Jonas continua a ser o ás de trunfo. Grande parte das possibilidades de FC Porto e Sporting dependem de alguma perda de rendimento que ele possa ter por força da idade. Depois, há três jogadores com potencial para serem mais do que foram até aqui: Brahimi e Aboubakar, no FC Porto, e Gelson, no Sporting. Não vejo mais ninguém capaz de chegar ao nível deles a curto prazo.

4. Juntando os dois vetores, treinador e equipa, apostaria no V. Guimarães. O Braga também tem muito para mostrar, mas parece-me um grupo ainda indefinido, que exigirá trabalho. O Vitória traz mais bagagem. Respondo a esta pergunta antes da Supertaça, mas manteria a opinião de qualquer forma.

5. Não. É uma boa nova apenas para os árbitros, porque lhes dá uma vida extra. Continuará a haver vencedores e derrotados; maus e bons árbitros. Não será por haver a hipótese de uma confirmação via TV que os adeptos aceitarão mais facilmente as decisões que penalizem as suas equipas. E o caso dos e-mails não está encerrado. Há um grupo de juízes sob suspeição, com ou sem câmaras a supervisioná-los.

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