Edite Estrela e Capoulas Santos. O que esperam os apoiantes socialistas dos candidatos

O DN publica esta semana um conjunto de "embates" entre simpatizantes de cada um dos principais concorrentes à liderança do PS. Estas opiniões são independentes e não-vinculativas de cada candidatura.
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Estamos há mais de 50 anos a discutir o Aeroporto de Lisboa, como e quando será razoável resolver este dossiê?
Com a apresentação do relatório da Comissão Técnica Independente que resultou do acordo PS/PSD, o próximo Governo passará a dispor, em princípio, da informação essencial que o habilitará a tomar uma decisão definitiva durante o próximo ano, desejavelmente até ao seu terceiro quartel, uma vez que dificilmente o novo Governo será empossado antes do meio de abril.

Quase metade do orçamento do SNS é utilizado em pagamentos a privados, como alterar essa situação?
A melhoria do SNS não reside na % do Orçamento destinada a pagar serviços públicos ou privados.
Os problemas estruturais, como a falta de médicos, especialistas em particular, e de gestão, estão identificados. São necessárias respostas de curto e médio prazos, cuja execução recomenda um amplo consenso político que o PS, sob a liderança de José Luís Carneiro, está disposto a promover.

Como resolver o problema da habitação? Quanto é aceitável gastar em construção
de habitação social? Como acautelar a construção pública e privada de habitação a custos controlados?

O diagnóstico sobre o problema habitacional está feito e boas medidas estão em execução. No curto prazo os esforços deverão ser concentrados na execução, removendo obstáculos burocráticos, designadamente os que têm impedido a recuperação e adaptação de edifícios públicos sem utilização, estabelecendo parcerias com o setor privado e incentivos, assim como incrementando do investimento público e a parceria com as autarquias.
Quanto à dotação financeira destinada a este fim, PRR, OE e outras fontes, que em nenhum momento histórico foi tão elevada como atualmente, é adequada, no horizonte de 2026, à capacidade de execução previsível.

Que medidas imediatas devem ser tomadas para resolver a falta de água cada vez mais grave em grande parte do território, em especial no Sul?
Em primeiro lugar é necessário distinguir entre as carências hídricas do Norte e do Sul e, dentro deste, entre o Baixo Alentejo e o Sudoeste Algarvio e o resto da região. A capacidade média das barragens a nível nacional é de 80%, atualmente, e apenas três, nas zonas críticas referidas, estão abaixo de 20%. Há que prosseguir e acelerar a estratégia que está em curso, desde o ambicioso Plano Nacional de Regadios até à dessalinização e o aproveitamento de águas residuais, a par da continuada aposta na inovação para a poupança e uso mais eficiente do da água nos seus diversos fins.

Admite o regresso do serviço militar obrigatório para resolver a enorme falta de efetivos nas Forças Armadas?
​​​​​​​A extinção do SMO ocorreu apenas há 2,5 décadas e foi objeto de amplo consenso político.
Existe neste momento uma comprovada crise de recrutamento que tem de ser rapidamente ultrapassada pelo que, antes de se equacionarem outras eventuais soluções, se deverá revisitar, e adequar às presentes expectativas dos jovens, o regime de estímulos e incentivos ao recrutamento.

Estamos há mais de 50 anos a discutir o Aeroporto de Lisboa, como e quando será razoável resolver este dossiê?
É um dossiê que se arrasta há décadas e que tem de ser resolvido o mais depressa possível. Depois de muitos estudos, pareceres e debates sobre as possíveis localizações e do recente trabalho da Comissão Técnica Independente, ninguém perceberá mais adiamentos. Construir o novo aeroporto de Lisboa deve ser uma prioridade do futuro Governo.

Quase metade do orçamento do SNS é utilizado em pagamentos a privados, como alterar essa situação?
O Serviço Nacional de Saúde é uma das maiores conquistas de Abril. Por razões que são conhecidas, enfrenta problemas que não são de hoje, designadamente, falta de recursos humanos.
É necessário criar mecanismos de atração desses profissionais, para assegurar a cobertura da rede.
E melhorar a capacidade de resposta do SNS - a nível de recursos humanos e de equipamentos - para se conseguir otimizar alguns serviços que, hoje, o SNS tem de externalizar.

Como resolver o problema da habitação? Quanto é aceitável gastar em construção
de habitação social? Como acautelar a construção pública e privada de habitação a custos controlados?

O problema da habitação, que é real, é transversal a toda a Europa. Já foram dados alguns passos para travar os preços inflacionados pela muita procura e pouca oferta. Deve ser dada continuidade ao alargamento do parque público através da criação de um serviço público de habitação. Também as famílias de rendimentos médios devem ter acesso a habitação a custos acessíveis. Penso que a opção, que o Governo tomou, de financiar a construção de 26 mil casas através do PRR, é acertada. Outras serão apresentadas no programa eleitoral às eleições legislativas.

Que medidas imediatas devem ser tomadas para resolver a falta de água cada vez mais grave em grande parte do território, em especial no Sul?
A chamada "crise da água" - quer em relação à quantidade quer à qualidade - resulta dos usos
(e abusos) e não apenas de razões naturais. Vai por isso agravar-se se a tendência depredadora não for invertida e se não se desenvolverem "sistemas de gestão hídrica eticamente corretos" como defende a ONU. É preciso combater o desperdício e todas as ineficiências e fazer uma gestão sustentável deste recurso tão necessário e escasso. A construção do Alqueva, durante anos e anos adiada, ajudou muito a irrigar o Alentejo. Mas é preciso encontrar novas soluções
para combater a falta de água decorrente das alterações climáticas, sobretudo no Sul.

Admite o regresso do serviço militar obrigatório para resolver a enorme falta de efetivos nas Forças Armadas?
Não me parece que essa seja a solução.

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