O que acontece se ministro do Interior alemão se demitir?

Horst Seehofer, ministro do Interior alemão e líder da CSU, ameaçou demitir-se por causa da crise dos migrantes. Hoje volta a reunir-se com a chanceler e líder da CDU, Angela Merkel, a qual enfrenta uma das piores crises políticas internas dos seus 12 anos no poder
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A reunião entre Horst Seehofer e Angela Merkel, que no domingo durou cerca de oito horas, continua hoje. Durante a mesma, ameaçou demitir-se de ministro do Interior se a chanceler não apresentar soluções satisfatórias para a crise dos migrantes e refugiados na Alemanha.

Na semana passada, Angela Merkel, no poder há 12 anos, não conseguiu um novo, vasto e detalhado acordo sobre migrações a nível da UE, conforme lhe tinha exigido o líder da CSU, congénere bávara da CDU e parceira na Grande Coligação, da qual faz parte também o SPD.

O melhor que a líder alemã conseguiu terá sido, segundo a imprensa alemã, acordos bilaterais com 14 países, entre os quais Portugal, para que estes recebam alguns dos refugiados que entraram na Alemanha via Áustria, ou seja, através do estado federado da Baviera.

A CSU de Seehofer está a ser fortemente pressionada pelo partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que tem vindo a subir nas intenções de voto. A Baviera vai a eleições a 14 de outubro. Em setembro, nas legislativas, a nível federal, a AfD foi o terceiro mais votado.

O que acontecerá então, na Alemanha - e na Europa, caso Horst Seehfofer decida mesmo sair do governo alemão? Para já, nos mercados asiáticos, o euro começou a cair. O ministro terá que pedir a demissão a Merkel e esta, por seu lado, pedirá ao presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, que oficialize a saída do mesmo.

Se Seehofer sair, a CSU terá então que propor um novo nome para a pasta do Interior. Se, por outro lado, o partido bávaro não quiser continuar a fazer parte da Grande Coligação, terá que retirar todos os ministros que tem no governo. Neste momento, tem três. Além do Ministério do Interior, a CSU tem também o dos Transportes e o da Economia.

Caso a CSU opte pela substituição, o Executivo de Merkel, o quarto, continuará em funções. Se a escolha for, em contrapartida, pela saída, a chanceler de 63 anos tem várias hipóteses: governar em minoria se o SPD concordar com isso, formar uma nova coligação com o SPD e um outro partido, ser submetida à votação de uma moção de censura no Bundestag e, em última análise, ir para novas eleições.

Se Merkel perdesse o voto de uma moção de censura, a oposição teria que apresentar uma alternativa à chanceler, o que seria difícil, porque existem divisões e diferenças consideráveis entre eles. Não acontecendo isso, o presidente Steinmeier dissolveria o Bundestag e haveria novas eleições no espaço de 60 dias.

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