O PSD e o futuro

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O congresso do PSD foi como sempre um momento para evocar o passado, avaliar o presente e pensar no futuro.
No passado recente é certo que foram cometidos erros, escasseou a sensibilidade social, foram muitos os momentos de deriva ideológica em que a matriz social-democrata foi esquecida. Mas o balanço global é positivo e o PSD tem orgulho no esforço levado a cabo pelos portugueses para deixar para trás a bancarrota.
Hoje devíamos estar a governar. Afinal, foi a coligação liderada pelo PSD que ganhou as eleições. Mas a sede de poder de uns e o instinto de sobrevivência de outros levou a que, pela primeira vez, o Parlamento tivesse decidido em sentido contrário à vontade do eleitorado. Os portugueses julgarão, em devido tempo e através do voto, o comportamento aventureirista do PS de António Costa.
Agora já não vale a pena imaginar diferente. É preciso ser a melhor oposição porque os desafios só se agravam com a governação de esquerda.
Mas para pensar no futuro temos de responder a algumas perguntas. Ter desígnio, projeto, pensar o país a mais do que uma geração.
O Estado social tal como o conhecemos está fortemente ameaçado pela falta de crescimento da economia portuguesa.
Precisamos de assumir em plenitude o primado da social-democracia. Mas atenção! Ser social-democrata sempre, sim! Mas em especial quando se está a governar. Aí é que é preciso ser-se social-democrata, honrando a nossa história e a nossa cultura política.
Em Portugal a esperança de vida continua, felizmente, a aumentar. Os idosos, reformados e pensionistas são cada vez em maior número, têm necessidades crescentes e merecem toda a nossa atenção. É preciso promover a celebração de um contrato social entre gerações que faça jus ao nome.
Temos de apostar mais na inovação, na ciência e na investigação. Somos o terceiro país da União Europeia em número de investigadores per capita. Mas infelizmente continuamos a ser dos últimos países da Europa em número de investigadores dentro das empresas. Há que criar incentivos fortes para levar a investigação para dentro do universo empresarial.
Temos hoje uma carga fiscal que, de tão pesada e asfixiante, dá cabo do país. Em particular da classe média. Precisamos de uma reforma do Estado que não se fique por guiões e slogans e seja capaz de reduzir custos, estruturas, ineficiências e despesismo inútil no aparelho do Estado.
Temos hoje um país dividido, com um interior quase deserto e uma estreita faixa litoral onde se concentra a maior parte da população e dos equipamentos. Esta distribuição de recursos não é sustentável, sobrecarrega a utilização da faixa litoral e torna demasiado cara a prestação de serviços no interior.
A União Europeia não pode perder a sua matriz democrática onde 28 Estados membros decidem em conjunto. A crise do euro, a vaga de refugiados e migrantes económicos, o terrorismo patrocinado pelos fundamentalistas islâmicos e o brexit não são problemas da Europa se com essa denominação queremos dizer que são problemas que outros devem resolver.
São problemas portugueses, todos eles, e a sua solução deve ser feita com a participação ativa de Portugal.
Infelizmente, nos últimos anos houve da nossa parte demasiada preocupação em fazer, de forma acrítica, o que outros nos diziam para fazer e quase nenhum esforço em encontrar a nossa voz, a voz de Portugal, e em fazê-la ouvir na União Europeia.
Acredito que há um futuro para Portugal, um futuro melhor, um futuro numa União Europeia mais ambiciosa e mais solidária. Tenho a certeza de que o PSD terá um papel ativo no desenho desse futuro.

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