O primeiro português na escola de dança da Ópera de Paris
Esta é a segunda semana de Diogo Oliveira, de 16 anos, na escola de dança da Ópera de Paris. Por agora, um curso de verão. A partir do começo do próximo ano letivo, dois anos como bolseiro convidado.
Foi a própria Elisabeth Platel, ex-bailarina da companhia da Ópera de Paris e atual diretora da escola, quem lhe dirigiu o convite. "Recordo-me que me disse ter gostado do meu trabalho e que queria falar com os meus professores. Foram eles quem me deu a notícia", conta o jovem bailarino ao DN.
Era abril, em Nova Iorque, e Diogo - que até aqui fez a sua formação na Escola Domus Dança do Porto, de onde é natural - ficava entre os seis melhores solistas seniores do Youth America Gran Prix. Foi então que Platel lhe dirigiu o convite para os dois anos como bolseiro em regime de internato numa das mais conceituadas escolas de dança.
Agora está em Paris, na condição de ser o primeiro português convidado para aquela escola parisiense. "Não estava nada nervoso, já estive várias vezes em situações semelhantes. Há dois anos, por exemplo, estive na School of American Ballet, em Nova Iorque. Tive o privilégio de fazer uma visita guiada com a senhora Elisabeth Platel. As instalações e condições são, de facto, muito boas."
Começou a dançar aos 10 anos, a convite dos professores e tios Alexandre Oliveira e Sílvia Boga. Por nenhuma razão de maior, recorda o professor. Fizeram o mesmo com o irmão de Diogo. Contudo, foi diferente com este último. "Tinha condições psicológicas e físicas."
Para leigos, por físicas o professor quer dizer que "tem boas proporções. Tronco pequeno, membros longos. Quanto aos pés, não eram assim tão bons. Quem o vê não sabe que não tem grande arco. Essa é uma das coisas de que o Diogo se pode orgulhar: a mobilidade foi trabalhada."
O rapaz que, além da Ópera de Paris e da School of American Ballet, já recebeu ofertas da Academia Bolshoi e de escolas estatais como o English National Ballet (Inglaterra), "é um daqueles casos raros": "Normalmente não vemos tanto como no estúdio como no palco, o Diogo é o oposto", conta o tio.
Acrescenta que, provavelmente, o que mais vai custar a Diogo é "a quantidade de regras da escola, às 10.00 da noite as luzes são apagadas, tudo recolhido." Já ele, bailarino, diz que será o "estar ausente da família". A carga horária não será tão estranha, pois, até aqui, entre ensino regular e ballet , "são mais de trinta horas semanais, sábados incluídos, por vezes também os feriados."
Diogo fica "ansioso antes de entrar em palco". "Friso o antes: quando ponho o primeiro pé no palco, acaba. Confesso que não imagino que seja possível dançar ansioso e dançar bem." Resta saber a que palcos irá parar.