O primeiro líder da rebelião sulista espera independência

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"Começámos a bater-nos pela independência de mãos vazias", lembra o primeiro chefe da rebelião sulista, Joseph Lagu. Aos 79 anos, prepara-se para votar pela secessão do Sul do Sudão, o seu sonho de sempre.

A primeira guerra civil entre Norte e Sul do Sudão remonta a 1955. Após vários anos de conflito larvar, a guerra intensificou-se no início dos anos 60, mas os rebeldes sulistas ainda não tinham dinheiro e armas. "Não tínhamos mais do que três espingardas. A minha única arma era uma faca de mato", contou Lagu, em entrevista ao jornalista da AFP Peter Martell.

Em Juba, o pai da Anyanya, nome do veneno que os caçadores põem na ponta das flechas, explicou que recebeu as primeiras armas do Congo e depois de Israel. Na Guerra dos Seis Dias, em 1967, Cartum apoiava o Egipto. "Eu escrevi ao primeiro-ministro de Israel e disse-lhe: 'Estou feliz que vocês, o povo eleito de Deus, combatam os árabes. Eu também me bato contra os árabes. Se me fornecer armas, poderei neutralizar as forças sudanesas e elas já não apoiarão o Egipto contra vós." E a carta surtiu efeito.

A rebelião de Anyanya recebeu armas e assim federou milhares de sulistas. Lagu assinou os primeiros acordos de paz com Cartum, em 1972. A dissolução do Governo semiautónomo do Sul, em 1983, mergulhou a região em nova guerra civil. Esta só terminou em 2005, com novos acordos de paz que levaram ao referendo - que começa no domingo.

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