O primeiro bebé em 12 anos na ilha onde é proibido nascer

O arquipélago Fernando Noronha, no Brasil, tem 3016 pessoas. O hospital não tem condições para serem realizados partos que, por isso, não são autorizados. "Eu fiz o parto, acho que foi Deus" referiu o pai da bebé
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Há 12 anos que não nasciam crianças em Fernando de Noronha, um arquipélago perto de Natal, no Brasil. O nascimento de crianças, aliás, não é permitido porque o hospital local não tem as condições necessárias para que sejam efetuados partos. No entanto, na madrugada do passado sábado, uma mulher de 22 anos deu à luz, em casa. Diz que não sabia que estava grávida.

De facto, a administração regional afirma que não há registo de qualquer atendimento ou assistência pré-natal à família em questão, refere a Globo, que informa ainda, citando dados de 2017 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, que a população da região é de 3016 pessoas.

"Eu fiz o teste [de gravidez], deu negativo e não senti nada durante toda a gestação. Tive uma cólica e, quando fui à casa de banho, vi algo a descer entre as pernas. Foi então que o pai da criança chegou e pegou no bebé. Era uma menina", disse a mulher, que preferiu não ser identificada.

Referiu ainda a mulher que, caso soubesse, teria feito tudo de forma diferente: "Se eu soubesse que estava grávida não teria a minha filha aqui. Teria feito o percurso pré-natal e tomado as vacinas. Ainda bem que foram feitos os exames e não acusou nada. Eu não arriscaria a minha vida nem a da milha filha", acrescentou.

O pai da menina recém-nascida também manifestou surpresa com a situação, dizendo-se ainda "nervoso". "Eu não sabia de nada, ela acordou a mãe e disse que estava com uma dor. Ligámos para a emergência, mas nem deu tempo para a ambulância chegar. Eu fiz o parto, acho que foi Deus", afirmou.

O pai da menina, sem carro, foi a pé com a filha ao colo até ao hospital. A mãe, que tem outra filha cujo parto foi realizado no continente, foi também para o hospital, mas de ambulância.

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