O poder do Ocidente e o domínio do mundo
Os últimos dois séculos e meio viram as potências europeias e os EUA dominar o globo. A sua presença permeia a ciência e a medicina, os negócios e a finança, o direito e a educação, e muitos outros domínios da atividade humana.
Na origem desse domínio do mundo está a base civilizacional greco-judaico-romana-cristã, a liberdade de comércio, a acumulação de capital, a colonização por povos europeus de outros continentes, a disseminação de línguas europeias, a propagação das religiões cristãs, a democracia liberal, o respeito pelos direitos humanos, a exportação de modelos culturais e o uso de soft power como forma de promover noutros países um desejo de emular a civilização ocidental, uma admiração pelos seus valores, a aspiração de atingir o seu nível de prosperidade e, em geral, o seu estilo de vida.
Uma das áreas em que este domínio é mais visível é na área militar. O poderio militar ocidental, em especial o dos EUA, é enorme. Os países ocidentais são potências ou superpotências militares marítimas desde o século XVII. Ainda hoje é considerado normal que os EUA, o Reino Unido e a França tenham as suas marinhas de guerra espalhadas virtualmente por todos os oceanos. Os seus complexos industriais-militares são enormes, poderosos e com uma capacidade de lobby que tende a perpetuar um elevado nível de despesa militar, nunca havendo escassez de inimigos.
A ordem internacional está organizada com base no primado dos países ocidentais. Desde a composição do Conselho de Segurança da ONU até à liderança das principais organizações financeiras internacionais, a localização da sede destas ou as participações no capital dos principais bancos multilaterais, o domínio dos principais países ocidentais é claríssimo.
As maiores economias do mundo ainda são ocidentais. E mesmo quando países emergentes populosos se tornarem as maiores economias do mundo em termos de PIB global, o PIB per capita dos países ocidentais continuará a ser mais alto. No mundo financeiro o poderio ocidental é inigualável, com os maiores mercados financeiros mundiais, sendo que a maioria do capital mundial está concentrada nos EUA, em Londres e em algumas praças ocidentais.
A influência da cultural ocidental é generalizada e foi globalizada há muitas décadas. A cultura ocidental influenciou imensos aspetos de como a maioria dos habitantes do planeta olham e analisam a realidade, bem como o nosso trabalho e conduta pessoal. Quer se apercebam ou não, muitos dos habitantes de outras partes do mundo já estão fortemente imersos na cultura ocidental - usam roupas de estilo ocidental, comem fast food ocidental, assistem a programas de televisão e filmes ocidentais, ouvem música ocidental, usam como língua materna ou veicular línguas ocidentais, são regidos por sistemas jurídicos de matriz ocidental, vão a templos de religiões ocidentais.
Esta exportação do estilo de vida ocidental e um inteligente uso do soft power é algo que não é substituído facilmente no imaginário dos povos. As potências emergentes tornar-se-ão potências económicas nas próximas décadas. Mas se o seu crescimento continuar alicerçado em ultranacionalismo e a sua projeção externa for baseada essencialmente em hard power, o predomínio ocidental no mundo perdurará.
Consultor financeiro e business developer.
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