O pleno de Hillary

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O grande vencedor da "superterça-feira" republicana e democrata chama-se Hillary Clinton. No seu partido confirmou a importância do voto negro e latino na plataforma de vitória onde era preciso, ou seja, nos estados onde mais delegados estavam em disputa. É preciso olhar para as primárias americanas como elas são: o relevante não é o número de estados que se vence mas a quantidade de delegados que se conquista, determinantes na nomeação às presidenciais feita na convenção nacional. Por isso, a aritmética do "Sanders venceu em quatro e Hillary em sete" é irrelevante. Se Sanders tivesse vencido nos quatro com mais delegados para repartir teria de ser visto como o vitorioso. Isso não aconteceu. Clinton descolou como se esperava e é provável que obrigue o velho Bernie a reconhecer o fim da linha, quando Florida, Ohio, Illinois e Carolina do Norte forem a jogo no dia 15. A tarefa de Hillary passará então por acomodar o eleitorado de Sanders, cortejando o seu endosso público e afinando uma agenda que volte a galvanizar a grande coligação que suportou Obama: jovens, mulheres, minorias e creative class. O mesmo exercício deve prevalecer para os republicanos. Trump venceu mais estados e delegados, mas a sua distribuição proporcional deve alertar-nos para dois factos: vencer não significa ter grande folga em delegados (Vermont ou Virginia) e, em conjunto, Ted Cruz e Marco Rubio têm até agora mais delegados a seu lado do que Trump. Isto pode levar o GOP, mergulhado já numa autoflagelação de ódios contra Trump (e até contra Cruz), a cavar ainda mais essas feridas, levando o aparelho a um antitrumpismo tal que impossibilite Trump de ir à convenção com delegados necessários à nomeação. Para isto precisa que Rubio vença no dia 15 na Florida, Ohio, Illinois e Missouri e leve os 286 delegados consigo, o que parece impossível. Clinton vai assistir ao filme de camarote.

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