O pior hóspede do mundo pediu perdão e hotel de cinco estrelas recebeu-o de volta

Um canadiano deixou que um bando de gaivotas destruísse o quarto, cortou a energia ao hotel e ainda atirou um sapato e uma ave a um grupo de turistas
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Nick Burchill foi banido pelo hotel de cinco estrelas Fairmont Empress em Victoria, na Colômbia Britânica, Canadá, depois de "uma série de eventos infelizes" em 2001. Depois de ter destruído um quarto, provocado um curto-circuito e quase arruinado um evento para turistas, a unidade decidiu torná-lo persona non grata. Pediu perdão e o Empress aceitou-o de volta, quase 18 anos depois.

A carta foi enviada para o Empress a 28 de março - Nick Burshill publicou a missiva na sua página de Facebook, onde recordou a série de acontecimentos infelizes que culminaram na decisão radical de o banir para sempre das instalações de luxo. Burchill escreveu que o seu objetivo era obter o "perdão" da unidade hoteleira e sugeria que os seus 17 anos longe do hotel contassem como "tempo de pena cumprida".

O "incidente" aconteceu em 2001, quando Burshill tinha acabado de conseguir um emprego, ao mesmo tempo que fazia parte do contingente de Reserva da Marinha do Canadá. O quarto no Empress Hotel tinha sido reservado uma vez que o homem, da Nova Escócia, ia estar presente no primeiro evento formal da empresa.

Estava nervoso e queria impressionar, mas também tinha uma missão: levar o famoso "Brother's Pepperoni", de Halifax - uma iguaria muito conhecida no Canadá - aos amigos da Marinha que estavam à espera de se deliciarem com o salame seco. Tinha comprado grandes quantidades e enchido um saco de viagem com o pepperoni. Quando essa mala foi a única a extraviar-se durante a viagem - o canadiano acabaria por recuperá-la - devia ter entendido a situação como um sinal de alerta.

Quando a mala chegou ao hotel, Nick Burshill sabia que o salame ainda estaria bom, mas quis colocá-lo num local fresco, uma vez que ainda faltavam algumas horas para o oferecer aos companheiros.

"O meu quarto era bonito, enorme, com uma vista frontal e ficava no quarto andar. Estava bem equipado, mas não tinha um frigorífico", recorda o hóspede. Mas como estavam em abril "e o ar estava fresco", Burshill lembrou-se de colocar o salame junto à janela para o manter fresco. Espalhou os rolos no parapeito da janela e numa mesa e saiu para dar um passeio que durou "umas quatro ou cinco horas".

"Caso estejam a perguntar-se, o pepperoni faz coisas desagradáveis ao sistema digestivo das gaivotas"

Quando regressou ao seu quarto no hotel de luxo, conta na carta, não queria acreditar no que os seus olhos viam: um bando de gaivotas - "não tive tempo para as contar mas deveriam ser 40", tinham estado no quarto a comer o pepperoni e ainda lá permaneciam. "Caso estejam a perguntar-se, o pepperoni faz coisas desagradáveis ao sistema digestivo das gaivotas. Como podem imaginar, o quarto estava coberto por porcaria de gaivota. O que eu não sabia, pelo menos até àquele momento, era que as gaivotas também se babam. Principalmente quando comem pepperoni", descreveu, com humor, o mal amado hóspede.

Assim que entrou no quarto e atravessou o bando de gaivotas estas começaram a mover-se assustadas, destruindo o quarto, na tentativa de fugirem pela mesma pequena abertura da janela por onde tinham entrado. Algumas estavam a tentar sair através das janelas fechadas.

"O resultado foi um tornado de excrementos de gaivota, penas, pedaços de pepperoni e pássaros razoavelmente grandes a girarem pelo quarto. As lâmpadas caíram. As cortinas estavam destruídas. A bandeja do café estava repugnante", recorda.

Nick Burshill acabou por abrir todas as janelas e conseguiu que a maioria das aves saísse, mas uma delas voltou a entrar para agarrar em mais um pedaço de salame. O canadiano atirou-lhe com um sapato e ambos - gaivota e calçado - voaram pela janela.

Ficara apenas uma gaivota no quarto, "mas era uma das grandes", e Nick acabaria por a embrulhar numa toalha e atirá-la pela janela.

Toda a confusão no quarto do canadiano aconteceu a meio da tarde, precisamente o momento em que o hotel de cinco estrelas organiza um chá refinado. Portanto, quer o sapato de Burshill, quer a gaivota embrulhada na toalha - que acabaria por não ficar ferida - aterram em cima de um grupo de turistas que estava a chegar para o chá.

Mas a odisseia de Nick Burshill no Empress não termina aqui. "O quarto estava mau", recorda. Mas ele não tinha tempo: o jantar da empresa era dali a pouco e foi quando percebeu que só tinha um sapato: o outro "voara" pela janela, juntamente com a gaivota.

Nick desceu os quatro andares desde o seu quarto, recolheu o sapato completamente molhado e tentou secá-lo com o secador da casa de banho - " o sapato estava a secar bem, quando o telefone tocou". Quando o canadiano saiu da casa de banho para atender a chamada, o pequeno aparelho saiu do sapato e caiu no lavatório cheio de água, causando um curto-circuito e cortando parte da energia ao hotel. Neste momento, percebeu que teria de pedir ajuda: ligou para a receção e pediu a alguém que subisse ao seu quarto para o ajudar "a arrumar a confusão".

"Ainda me lembro da cara da senhora quando abri a porta. Eu não sabia o que lhe dizer, por isso apenas pedi desculpa e saí para jantar. Quando regressei, as minhas coisas tinham sido mudadas para um quarto muito mais pequeno", contou.

Uns dias mais tarde, a empresa do canadiano recebeu uma carta do hotel que informava que Nick Burshill tinha sido banido do Empress. Decisão que respeitou durante quase 18 anos, até decidir que já tinha "cumprido" o seu tempo.

No dia 31 de março, Nick Burshill atualizava o seu post no Facebook, revelando a resposta do hotel de cinco estrelas ao seu pedido de perdão: "Ryan, o gerente, disse-me verbalmente que eu sou novamente um hóspede bem-vindo", anunciou, satisfeito.

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