Regime cambial. A crise financeira tem afectado o mercado mundial de divisas, com as principais moedas a sofrerem os efeitos da grande volatilidade dos mercados. Entre o nervosismo e a especulação de uma recessão à escala mundial, a crise dos EUA acabou por fortalecer o dólar. E a eleição de Barack Obama reforçou ainda mais a moeda norte-americana.O grande paradoxo da crise financeira americana que arrastou o resto do planeta para aquilo a que em alguns mercados já se tornou numa recessão é que o dólar americano tem vindo a valorizar-se nas últimas semanas, à medida que os investidores nervosos começaram a retirar o seu dinheiro de mercados mais voláteis para os canalizar para terrenos menos pantanosos..A resposta dos investidores à crise americana parece ser o regresso ao dólar, pois as alternativas mais ou menos seguras para canalizar investimentos não parecem abundar. Todas as moedas dos mercados emergentes perderam valor em relação à moeda americana, principalmente na América Latina, cuja dependência face à economia dos Estados Unidos é muito mais forte. O peso chileno atingiu em Outubro o seu valor mais baixo em relação ao dólar em 19 anos..A debilidade das diferentes divisas em relação ao dólar (recentemente a moeda americana atingiu o seu valor mais alto dos últimos 12 meses em relação ao euro - 1,25 dólares) fez-se acompanhar de uma onda especulativa que obrigou os bancos centrais a intervir no mercado para evitar depreciações demasiado elevadas das suas moedas, facto que originou a diminuição de reservas em inúmeros países..A principal característica do actual mercado cambial é a sua volatilidade - com subidas e descidas acentuadas ao sabor das notícias do dia - e baixa liquidez. O ambiente aconselha prudência, até porque muitos dos que se expuseram ao risco sofreram rudes golpes. E embora a tendência aponte para uma maior estabilização, os investidores não acreditam em melhorias substanciais nos próximos tempos. O mercado de compra futura de moeda está praticamente parado..O iene, por seu lado, tem vindo a cimentar--se como uma das principais alternativas ao dólar, apresentando-se como uma moeda de baixo risco. Sem grandes ganhos, nem perdas avultadas. As duas divisas parecem acentuar uma simbiose de polarização diversa: um mau dia do dólar representa quase sempre um bom dia do iene. |