As relações entre a França - país onde o ayatollah Ruhollah Khomeini viveu os seus últimos quatro meses de exílio - e o Irão/Pérsia datam de tempos imemoriais. Da Idade Média, no mínimo. Mas essas relações - económicas, diplomáticas e culturais - , que muitos pensavam iriam sair reforçadas com a Revolução Islâmica de Khomeini, acabaram por enfraquecer, em parte como consequência do próprio movimento que originou a República Islâmica..Expulso do Irão pelo xá, Khomeini viveu 14 anos no exílio, primeiro na Turquia, depois no Iraque, de onde foi forçado a sair, em 1978, pelo então vice-presidente Saddam Hussein. Opta pela França, onde vive, nos arredores de Paris, e de onde continua a incitar o povo iraniano ao derrube da monarquia, condição única do carismático líder religioso para regressar ao país. A 16 de Janeiro de 1979, contestado e gravemente doente, o xá deixa o Irão. A 1 de Fevereiro seguinte, o ayatollah Khomeini faz o seu regresso. A bordo de um avião da Air France. Mas a "lua-de-mel" entre Paris e Teerão acabaria pouco depois. .As visões - opostas - das duas capitais face aos países árabes é a primeira pedra de choque. O sequestro de diplomatas e funcionários da Embaixada dos EUA em Teerão, iniciativa que recebe o aval de Khomeini (na foto), leva Paris a alinhar com o Ocidente nas sanções contra o Irão, cujo regime é, então, encarado pela França como desestabilizador do Médio Oriente. Data também dessa época a recusa da França em prosseguir com o fornecimento de urânio enriquecido ao Irão, enquanto continua a ajudar o Iraque a armar-se. Um ano depois, Paris coloca-se mesmo ao lado de Bagdad, quando o Saddam lança o seu país na guerra contra o Irão, um conflito que irá durar até 1988. Desde então, todos os esforços para melhorar as relações entre Paris e Teerão têm fracassado, em parte dada a intransigência do regime islâmico face ao nuclear e aos direitos humanos.