O pai atual é provedor e cuidador
A pouco tempo do Dia do Pai, e porque teimamos em enaltecer as mães e minimizar o papel dos homens, importa falar sobre o pai dos dias de hoje. Não o pai meramente provedor que pouca atenção dá aos seus filhos, mas o pai cuidador, presente e competente, capaz de reconhecer e satisfazer todas as necessidade dos seus filhos. Felizmente, cada vez mais o pai com que nos deparamos.
A mãe é vista, tradicionalmente, como quem cuida dos filhos e o pai como quem assegura o sustento da família. Uma visão tradicional que deixou de corresponder, há já algum tempo, à realidade do nosso país, e não só. Nos dias de hoje, pais e mães trabalham e cuidam dos filhos, reclamando a sua participação na esfera pública e privada, e procurando equilibrar papéis que se desejam complementares. E se, na esfera pública, são as mulheres as principais vítimas de desigualdades várias, é na esfera privada que os homens se sentem mais discriminados.
O pai atual é provedor e cuidador. Trabalha e ganha dinheiro, ao mesmo tempo que troca fraldas e dá biberões, acompanhando o crescimento dos seus filhos de uma forma muito presente. Falamos do conceito de envolvimento parental, que remete para os vários elementos compreendidos no desempenho quotidiano da maternidade e da paternidade: o tempo vivido com os filhos; as atividades parentais (cuidar; ensinar e educar; acompanhar, dar apoio e afeto; brincar e partilhar lazeres; estar junto; levar/buscar à escola; desempenhar tarefas domésticas; gerir a vida quotidiana da criança, etc.); a articulação trabalho-família; as responsabilidades sobre as necessidades da criança (físicas, psicológicas, afetivas, emocionais, sociais e materiais); e o relacionamento com a criança e entre os pais.
Naturalmente, são as crianças que saem a ganhar com o envolvimento de ambos os pais, motivo pelo qual, e cada vez mais, em situações de separação ou divórcio os regimes de convívios entre pais e filhos procuram assegurar uma distribuição de tempo tendencialmente equitativa - só desta forma podem ser mantidos os laços afetivos e garantir o envolvimento de ambos os progenitores na vida dos filhos. Um pai que apenas convive quatro dias por mês com o seu filho não conseguirá, jamais, manter-se envolvido na vida deste.
Não obstante as numerosas evidências empíricas que corroboram a importância do envolvimento de ambos os pais no bem-estar e segurança afetiva da criança, contribuindo para o estabelecimento de relações de vinculação seguras, são ainda muitas as decisões judiciais que, por defeito, valorizam o papel materno e minimizam o paterno. E só esta assimetria na forma de entender os papéis parentais pode justificar o facto de ainda existirem bebés que veem o pai uma hora por semana e crianças de idade pré-escolar que estão privadas de pernoitar com o pai.
A maternidade e a paternidade são hoje vivenciadas de um modo que se tem afastado progressivamente das conceções mais tradicionais. E se a mãe de hoje é cuidadora e provedora, o pai de hoje é provedor e cuidador. E a criança precisa de ambos.
Psicóloga clínica e forense, terapeuta familiar e de casal