Quando George Lucas terminou o primeiro episódio da famosa saga GuerradasEstrelas, em 1977, estava longe de imaginar que a evolução das tecnologias de edição lhe permitiriam dar vida às suas excêntricas criaturas e naves espaciais sem o incómodo auxílio de miniaturas e maquetas. .Quase 30 anos depois de ter começado a investir milhões em sistemas de edição digital, o criador de Star Wars concluiu a saga com A Vingança dos Sith, onde 90 minutos do filme (2151 planos, num total de 6500) possuem conteúdos gerados por computador. Grande parte dos cenários e objectos (naves espaciais) do filme recorrem a tecnologias de desenvolvimento 3D (a três dimensões). .Uma das ferramentas mais utilizadas foi o Maya, programa da companhia canadiana Alias que permitiu construir criaturas como Yoda ou o sinistro general Grevious, dois personagens-chave inteiramente digitais. O bizarro vilão aparece no filme por trás de uma máscara dróide, o que tornou o seu desenvolvimento menos complexo que as expressões faciais de Yoda. .Se na primeira série (episódios 5 e 6), Lucas retratou este pequeno anão verde com um boneco, recorrendo a actores mascarados para representar breves cenas com movimento, na segunda série (episódios 1, 2 e 3) as tecnologias digi- tais permitiram transformar Yoda num hábil mestre jedi, capaz de espantosas acrobacias em arrojados duelos com um sabre de luz..Também Ewan McGregor (Obi-Wan), Hayden Christensen (Ana-kim Skywalker), Ian McDiarmid (Senador Palpatine) e Christopher Lee (Conde Dooku) contaram com a preciosa ajuda de duplos digitais que actuaram nas cenas de lutas e acrobacias mais arriscadas. .A revelação de que tudo isto poderia ser realizado com animação computadorizada surgiu com Parque Jurássico (1993), quando a ILM (Industrial Light & Magic, uma das companhias do grupo Lucas Limited, especializada em animação digital) conseguiu ressuscitar os dinossauros com um realismo até então apenas sonhado. .Esse momento levou Lucas a iniciar os planos para realizar os primeiros três episódios da série que agora termina. Para trás ficam muitos anos de trabalho, iniciados em 1977 após a conclusão do primeiro filme. Já então, Lucas foi pioneiro na concepção de uma câmara especial de animação, controlada por computador, que permitia repetir movimentos complexos. .O passo seguinte foi reunir um grupo de artistas informáticos para criarem um software capaz de renderizar imagens a três dimensões. O resultado foi o EditDroid, o primeiro sistema de edição digital que permitia transferir os filmes tradicionais para discos digitais, para edição em computador. O Império Contra-Ataca) já incluía 30 minutos de animação digital, uma novidade absoluta na época. .Essa tecnologia, como muitas outras criadas pelas suas empresas, foi depois vendida à Avid Technology. Em 1986, num dos piores negócios de sempre, Lucas vendeu a sua divisão de animação por computador a Steve Jobs, patrão da Apple, por escassos dez milhões de dólares, que depois formou a Pixar. .Mantendo a boa tradição de inovação, a equipa que participou nos dois últimos episódios desenvolveu um sistema de edição que permitiu trabalhar todo o processo de produção em formato digital, efectuar pré-visualizações dos planos e construir as storyboards em tempo real.