"O orçamento para a PSP é mau de mais para ser verdade"

Jorge Resende, que representa os oficiais de topo da PSP, está alarmado com a verba que o governo atribui à PSP em 2018: "Nem nos piores anos da Troika a PSP esteve tão mal", afirma
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Do que teve oportunidade de analisar no orçamento previsto para a PSP, em 2018, o que destaca?
Sinceramente, é mau de mais para ser verdade. Ouvimos ontem o Sr. primeiro ministro e o Sr. ministro da Administração Interna a elogiar a segurança do nosso país, graças ao trabalho das forças de segurança, mas quando olhamos para este orçamento o que se conclui é que estão a castigar a PSP porque trabalhou bem, porque foi a polícia que mais contribuiu para a diminuição da criminalidade violenta (menos 8,3%, no 1º semestre de 2017).

Pode concretizar um pouco essa análise?
É evidente na diminuição do investimento. A PSP é a polícia com menos verba atribuída (4.1 milhões), menos de metade da GNR (11.1) e muito menos que o próprio SEF (7.5). Não percebemos o critério. Ainda mais agravado pelo facto da PSP também ser a única força de segurança a ver diminuída a verba para aquisição de bens e serviços, como menos 348 mil euros que em 2017. Sabendo a situação muito, muito crítica, por que toda a estrutura da PSP está a passar, no que diz respeito à falta de meios para trabalhar, sinceramente, não entendemos o que o governo pretende de nós. Assinalo também que este orçamento não prevê aumento do efetivo para 2018, quando a PSP foi a polícia que mais perdeu gente nos últimos anos (mais de 1000 desde 2011). Lembro-me que em 2011, quando veio a crise, nos pediram para fazer mais com menos. Agora é querer que façamos mais com nada. Dizem que a crise acabou, mas alguém se esqueceu de avisar a PSP. Nem nos piores anos da Troika a PSP esteve tão mal.

Como é que este orçamento se pode repercutir na segurança das populações?
Não prevejo nada de bom. As pessoas não têm noção do drama que vivemos todos os dias, com falta de pessoal, de meios. Mais de metade da frota automóvel está inoperacional e o policiamento de proximidade faz-se com viaturas emprestadas pelas autarquias.

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