O nosso homem na Disney

É neto de emigrantes açorianos e tem o seu nome associado aos Estúdios Disney, onde realizou filmes como 'Tarzan', 'Os 102 Dálmatas' ou 'Uma História de Encantar'.
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O apelido Lima vem-lhe dos avós, açorianos que emigraram para Pawtucket, no estado de Rhode Island, um dos principais destinos da diáspora portuguesa nos EUA.

Quando era pequeno, Kevin Lima já gostava muito de animação e um dos primeiros filmes que viu, tinha então 5 anos, foi O Livro da Selva. Foi nessa altura, segundo um familiar, que decidiu o que queria ser quando fosse grande: animador da Walt Disney. "Sempre foi o meu grande sonho e nunca o abandonei", disse numa entrevista recente a um jornal britânico.

Aos 25 anos, e depois de ter frequentado o California Institute of the Arts e ter trabalhado a fazer guarda-roupa para um dos maiores circos americanos, o Ringling Bros and Barnum and Bailey, Kevin Lima realizou o seu desejo de infância, ao ser contratado para o departamento de animação da Disney.

No seu currículo, já levava para mostrar colaborações no clássico de produção independente The Brave Little Toaster (1987), numa série animada para a televisão e noutra longa-metragem do género, The Chipmunk Movie.

Uma vez instalado de armas e bagagens na Disney, Kevin Lima começou por se responsabilizar pela animação e, mais tarde, pela concepção de personagens específicas de longas-metragens de animação realizadas por outros, como Oliver e Seus Companheiros, A Pequena Sereia, A Bela e o Monstro ou Aladino. Entretanto, ia sempre perguntando aos produtores quando poderia ele próprio assinar um filme.

Essa oportunidade chegou só alguns anos depois, com Pateta, o Filme (1995), a que se seguiu, em 1999, Tarzan, co-realizado com Chris Buck, e graças ao qual Lima consolidou a sua boa reputação na Disney.

De tal forma que um ano mais tarde viu ser-lhe confiada a realização do seu primeiro filme Disney de imagem real, Os 102 Dálmatas, em que dirigiu nomes Glenn Close e Gérard Depardieu, entre outros.

Kevin Lima foi a seguir encarregue de não só dirigir como também produzir dois telefilmes adaptados dos livros juvenis da conhecida série Eloise, de Kay Thompson e Hilary Knight: Eloise at the Plaza (2003), com Julie Andrews e a jovem Sofia Vassilieva no papel da heroína, e ainda, no mesmo ano, Eloise at Christmastime, ambos para exibição no Canal Disney.

Em 2007, Kevin Lima realizou Uma História de Encantar, com Amy Adams, que combina imagem real e animação, e brinca com as convenções e personagens da tradição animada da Disney, ao mesmo tempo que lhes presta homenagem.

Para o realizador, este foi o seu trabalho mais difícil e delicado até à data, onde teve que equilibrar cuidadosamente o tom de homenagem com o tom satírico, bem como dirigir actores em cenários reais e supervisionar toda a animação digital e tradicional, pois o filme combinava ambas.

Além de ter tido boas críticas e uma excelente bilheteira, Uma História de Encantar foi nomeado para três Óscares, dois Globos de Ouro, dois Grammys e um Hugo de Ficção Científica e Fantástico, tendo ganho dois Prémios Saturno da Academia de Filmes de Ficção Científica, Fantasia e Terror dos EUA.

Kevin Lima, cuja mulher, Brenda Chapman, é também realizadora e foi a primeira a assinar uma longa--metragem de animação nos EUA (O Príncipe do Egipto, 1998), tem vários projectos em cima da mesa.

Quando em 2007 regressou à sua Pawtucket natal, que não visitava havia 20 anos, para receber um prémio do turismo local, Lima foi ovacionado por uma multidão. O nosso homem na Disney não tinha sido esquecido pelos conterrâneos.

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