"Malta, malta, concentração, por favor! Vamos recomeçar!", é a voz de comando de Bruno Lucas que ecoa no campo de futebol exterior da Escola Luís António Verney, o local eleito para os ensaios da Marcha do Beato. As palavras de ordem são expressas pelo coreógrafo da marcha. Um nortenho, da terra dos ovos moles (Aveiro), que aos sete anos veio viver para Lisboa e desde cedo se apaixonou pelas festas . "Os arcos enfeitados, os figurinos cheios de cor, as coreografias... Tudo é fascinante! Tenho um gosto enorme pelas Festas de Lisboa" afirma o jovem de 27 anos que, agora, se estrea como coreógrafo, mas que desde pequeno começou a marchar e não mais parou nestas andanças. .Em paralelo com os ensaios no exterior da escola, numa sala mais afastada, decorre a última prova dos figurinos dos padrinhos. Entre um ajeitar de bainha e um "dedo de conversa" entre as costureiras e os padrinhos da marcha, Quimbé e Mónica Sofia, reina a boa disposição. Afinal, Quimbé já é presença assídua nas Marchas do Beato. Este ano, representará uma composição de Paulo Valentim - "O mercado do Beato". Uma alegoria aos antigos mercados, típicos dos bairros lisboetas, onde eram presença assídua as "sopeiras". .À semelhança das cores dominantes nos mercados, a Marcha do Beato desfilará vestida, predominantemente, com as cores verde e branco. Símbolo de verduras, vegetais e leguminosas, acompanhados pelos ingredientes feitos de farinha e cereais, o pão. Se a maioria dos jovens marchantes do Beato nasceram e cresceram na freguesia de São João, em comparação com Bruno Lucas, não se pode dizer o mesmo de Amílcar Santos, o presidente do Grupo Recreativo e Cultural "Onze Unidos", instituição responsável pelas marchas. O "Sr. Presidente" é natural do Minho, mas em novo veio morar para Lisboa e, após o casamento, "incuti o bichinho aos meus filhos para participarem na marcha infantil do Beato", contou ao DN. Uma iniciativa que terminou em 2004 e que foi o principal motor de arranque para surgir a Marcha do Beato para adultos. "Faltava união e tradição ao bairro!", conclui..Padrinhos: Quimbé e Mónica Sofia