O nó górdio

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Há pessoas que sabem pensar, resolver problemas e ser criativas. São estas pessoas a fonte das principais ideias e produtos que dominarão as economias. Finalmente reconhece-se a importância do conhecimento e do capital intelectual, embora esse tenha tido sempre muito valor para a mudança e evolução qualitativa no nosso mundo.

Diz-se que 333 anos a.C. o general Alexandre e as suas tropas chegaram à Frígia para descansar, uma cidade da Ásia Menor. Entretanto enquanto por lá estava ouviu a famosa lenda do nó de Górdio e que a profecia dizia que quem desatasse o complicado e estranho nó tornar-se-ia rei da Ásia Menor. Conta a lenda que o rei de Frígia morreu sem deixar herdeiro e que o Oráculo disse que o próximo rei chegaria à cidade num carro de bois. Foi assim que Górdio foi aclamado rei e, por isso, decidiu oferecer o seu carro de bois a Zeus, o Deus dos Deuses e para se lembrar diariamente da sua humilde origem atou-o com um enorme e complicado nó a um poste em frente do seu palácio. O seu filho e sucessor, Midas, conhecido na mitologia grega por tornar ouro em tudo o que tocasse, trouxe grande prosperidade ao seu reino, mas morreu também sem deixar herdeiro. É então que ouvido o Orácuclo este declara que quem resolvesse o nó de Górdio se tornaria o rei de toda a Ásia Menor.

Passaram-se muito anos sem que alguém conseguisse desatar o nó górdio. Intrigado com o facto, Alexandre, o Grande, decidiu ver o que tinha este de especial. Ficou em frente do nó em silêncio e, depois de o analisar, desembainhou a sua espada e de um golpe forte e rápido cortou o nó, tornando-se assim o líder da Ásia Menor. E assim aqui fica um exemplo de como a resolução de problemas exige que as pessoas tenham formas de pensar diferentes e de analisar os problemas por ângulos diferentes.

E será que a nossa Universidade responde às necessidades futuras? Precisamos de quadros e empresários com capacidade para resolver problemas de forma criativa, que encontrem estratégias inovadoras, que trabalhem em equipa, que descentralizem, motivem e resolvam conflitos de forma construtiva e criativa. Infelizmente, não me parece que assim seja, nem vejo que o Processo de Bolonha não nos leve para esse caminho.

Por um lado, a legislação é puramente burocrática, centralizadora e restritiva da criatividade e da inovação. Por outro, os professores preocupam-se mais com os interesses de classe ou do seu departamento do que com as necessidades das empresas e dos alunos.

O que me parece que temos é a reprodução do modelo de transmissão de conhecimentos do professor, quando devia desenvolver a criatividade e o empreendedorismo. Devia ser mais dinâmico, interessante e participativo, onde o aluno fosse ele próprio o produtor do seu conhecimento e pudesse experimentar na prática. C

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