Pode parecer tão onírico como a trama de um conto infantil. À noite e madrugada de quem dança defronte aos palcos do Festival Músicas do Mundo (FMM), substituía-se a manhã com concertos para crianças. Ana Tijoux pedia desculpa pela "cara de monstro" provocada pelo jet leg, a dela e a de Cristobal, que na guitarra acompanhava a voz da MC franco-chilena, que atuaria no palco do Castelo nessa mesma noite..Perante mais de uma centena de crianças entre os 6 e os 12 anos, sob o sol da manhã que ontem enchia o pátio do Centro de Artes de Sines, contava ter começado no hip hop aos 19 anos. "Hoje sou mãe e continuo a fazer hip hop", ria Tijoux, de 38 anos (as crianças perguntaram), que, antes de cantar a solo, fez parte do grupo Makiza..Que língua se fala no Chile? "Chileno", óbvio, lançava um rapaz logo corrigido pelos que o rodeavam. A MC fez questão de apresentar o seu país às crianças. O Chile que só conheceu no início dos anos 90, quando os seus pais ali regressaram, após o exílio em França devido à ditadura de Pinochet. "Há sempre muito movimento no Chile, movimentos sociais e tremores de terra", explicava. A educadora traduzia..Se as crianças entendiam ou não completamente o que estava em causa quando Tijoux dizia que o país "nunca chegou a recuperar a identidade" e que "antes da ditadura havia saúde e educação gratuitas", não é certo. Ou é certo que terão compreendido tanto ou tão pouco como ela própria quando, aos 6 anos, o pai lhe ofereceu As Veias Abertas da América Latina, de Eduardo Galeano..Certo é que a voz de Ana e a guitarra de Cristobal prendiam a atenção das crianças. Quer em Mi Verdad, história de um rapaz que se tem de fazer homem da casa, quer em Shock, de que os movimentos estudantis chilenos fizeram hino e que canta "No venes que no estamos solos/milliones de polo a polo"..Leia mais pormenores na edição impressa ou no e-paper do DN