O mistério da morte de 21 cavalos num torneio de pólo nos EUA

Intoxicação alimentar, doping ou envenenamento? A dúvida persiste sobre o drama que se abateu sobre o mundo equestre: 21 cavalos da equipa venezuelana de pólo Lechuza Caracas morreram em duas horas. Nunca se tinha assistido a uma tragédia destas dimensões na modalidade. Tudo aconteceu repentinamente antes do início de uma partida de pólo com a formação norte-americana Black Watch, no International Polo Club, de Palm Beach, a contar para meias-finais do US Open, em Miami.

Os responsáveis pela equipa sul-americana estavam a preparar os cavalos para o encontro, quando subitamente estes começaram a espumar pela boca, a exibir tontura e desorientação. "Um após outro, caíram como peças de dominó", afirmou um dos espectadores que assistia impressionado à tragédia. "É algo inédito no mundo dos cavalos", disse ao DN João Pedro Pereira, médico veterinário da Federação Equestre Internacional. "Ainda é prematuro apurar as causas da morte mas, no plano puramente hipotético, estaria inclinado para uma intoxicação alimentar", acrescentou o clínico. "Pelos sintomas de que tive conhecimento, os animais poderão ter sofrido uma reacção química ou bacteriológica às rações que ingeriram nos EUA, que poderão ter afectado o sistema nervoso", explicou. O veterinário recorda que "a alimentação dos cavalos tem de ser toda adquirida nos EUA e isso pode ter provocado uma reacção adversa". A possibilidade de envenenamento ou doping "é muito remota" tendo em conta "os sintomas e o elevado número de mortes", assume. Em Miami, os veterinários tudo fizeram para salvar a vida dos animais avaliados em 1,3 milhões de euros. A equipa pertence a Victor Vargas, presidente da Associação Bancária da Venezuela. Pela sua proximidade ao presidente Hugo Chávez, falou-se nos bastidores numa possível sabotagem.