O melhor do País desenhado em chinês e com criatividade

Expos de Xangai e Saragoça projetaram a FPGB para o mundo. Ganhar a confiança das indústrias portuguesas é agora o sonho
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Cinco milhões de pessoas cruzaram-se vezes sem conta com estes caracteres chineses durante a Expo de Xangai 2010. Neles lê-se Portugal e deixaram de ser segredo para os três designers portugueses, da FPGB. A empresa foi responsável pelo grafismo das salas do Pavilhão de Portugal, bem como pela sinalética interior, iluminação, embalagens e materiais gráficos de comunicação da participação nacional naquela exposição universal, subordinada ao tema "Melhores Cidades, Maior Qualidade de Vida".

Os logogramas que formam a palavra Portugal figuravam nas paredes do edifício de dois mil metros quadrados, revestido de cortiça, nas caixas dos pastéis de nata (vendidos aos milhares por 60 cêntimos), em canetas, T-shirts, relógios, sacos, blocos, entre outros objetos de promoção do nosso país idealizados pela FPGB.

"Foi um projeto marcante", comenta Francisco Pestana, designer e diretor-geral da FPGB, que viu o trabalho de Xangai distinguido naquela que é considerada a maior e mais procurada competição de design do mundo, o prémio Red Dot.

A empresa portuguesa venceu entre um total de 6468 participantes de 40 países, repetindo o prémio obtido dois anos antes, na anterior exposição, a Expo de Saragoça. Em ambos os projetos, a identidade e comunicação do Pavilhão Português foi considerada uma das mais completas entre os participantes.

"Quando entramos no processo ainda não havia pavilhão, apenas um guião. Fomos construindo os conteúdos positivos [exposição], a iluminação, a cor [predomínio do vermelho numa ligação mais estreita à cultura chinesa], sinalética, os expositores, tudo inspirado nas cartas marítimas, foi tudo beber ao conceito prismático da fachada do pavilhão", diz Gabriela Borralho.

A arquitetura do Pavilhão de Portugal foi obra de Carlos Couto, também galardoado com o prémio de Design para as melhores estruturas montadas no recinto da exposição.

Além dos pastéis de nata, a cortiça fez sucesso em Xangai. "O pavilhão era coberto de cortiça e foram muitas as pessoas que nos vinham perguntar se 'aquilo eram algas, corais', se 'vinha do mar'. Para os chineses nós éramos muito exóticos", conta Francisco, recordando ainda os "buracos" feitos na fachada: "tiravam bocados de cortiça. E para evitar isso passámos a dar rolhas do mesmo material aos visitantes".

Francisco Pestana e Gabriela Borralho, ambos licenciados em Design Industrial e que se conheceram no liceu, emprestaram as suas iniciais para dar o nome à empresa - FPGB - nascida há 15 anos. Ana Bica, que se juntou há sete anos, completa a equipa.

"Não podemos dizer que temos um estilo, um material, uma cor, um tipo de letra que nos caracterize. É tudo diferente, adaptado ao projeto. O que nos marca é o processo de trabalho, a diversidade e a transversalidade", afirma Gabriela, que destaca como trabalhos mais marcantes da empresa as expos de Saragoça e Xangai, os trabalhos para a Ciência Viva e a exposição na biblioteca joanina para a Universidade de Coimbra .

"O design não é um processo de decoração, uma capa que se coloca em cima de alguém, mas sim todo um processo", acrescenta Francisco que ambiciona ver a FPGB ser parceira de pequenas e médias indústrias portuguesas. "Essas empresas, que dão emprego à maioria da população ativa, que exportam e contribuem para o PIB, vivem na sombra. O sonho que alimentamos desde o início é o de trabalhar com elas e desenvolver produtos de raiz, ajudá-las a diferenciar os seus produtos daqueles que são feitos na China, em Espanha ou França."

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