O mau e o bom exemplos dados por José Sócrates

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Os exemplos têm de vir de cima e neste particular o primeiro-ministro deu um péssimo exemplo ao País nas três vezes que puxou por um cigarro e o acendeu a bordo do avião da TAP que o transportava para a visita de Estado à Venezuela.
José Sócrates tem plena consciência do facto de ser um líder de opinião quanto aos usos e costumes públicos, e por isso sempre fez questão de fumar às escondidas, nunca se deixando fotografar ou filmar com o cigarro aceso, na mão ou na boca.

Pelo contrário, nunca falhou uma hipótese de publicitar a sua invejável forma física, aproveitando as visitas de Estado ao estrangeiro para proporcionar magníficas fotos às equipas de reportagem que o acompanham, com os seus joggings matinais em cenários tão atraentes como a Praça Vermelha, em Moscovo, a Marginal de Luanda ou o Calçadão de Copacabana.

O seu Governo esteve bem ao aprovar legislação repressiva do consumo do tabaco, uma vez que as consequências do fumo são gravosos para a saúde e para a economia. Calcula-se que existam em Portugal 1,6 milhões de fumadores. As previsões apontam para que metade deles (ou seja 800 mil pessoas) venha a morrer de doença cardíaca, cancro do pulmão, efisema ou outra doença relacionada com o consumo do tabaco.

Ao ser apanhado a fumar no avião, Sócrates enviou um sinal forte e negativo aos portugueses - o velho e errado hábito de dizer "olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço". Mas soube corrigir a mão. Ao reconhecer publicamente que errou, pedir desculpa e prometer que vai deixar de fumar acabou por dar um bom exemplo pessoal, embora não devesse ter invocado que não sabia se estava ou não a violar a Lei do Tabaco . Resta esperar que o primeiro-ministro seja capaz de cumprir a sua nova promessa.

A ETA insiste em matar e escolheu um dos seus alvos preferidos: a Guarda Civil. Depois do assassínio de um antigo vereador socialista durante a campanha eleitoral (os políticos são outro grupo habitualmente na mira dos etarras), os adeptos da independência basca pela via da violência voltaram a desafiar o Estado espanhol e desta vez suspeita-se que procuravam causar uma matança. No quartel-casa de Legutiano, no País Basco, viviam 29 pessoas, entre as quais cinco crianças. A vítima mortal foi o agente que estava de guarda. Outras quatro pessoas ficaram feridas depois da explosão de uma carrinha armadilhada. E se a ETA falhou a matança que visava (não houve telefonema de aviso), a verdade é que revelou capacidade de matar e de chantagear as sociedades basca e espanhola. Uma atitude que só pode reforçar a convicção de que todos aqueles que em Espanha se opõem ao terrorismo, bascos ou não, de esquerda ou de direita, têm de unir-se.

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