O massacre de 27 de Maio em Angola

Há 42 anos, "a rebelião foi dominada em Angola". O regime liderado por Agostinho Neto procedeu à execução de milhares de pessoas.
Publicado a
Atualizado a

"O governo angolano declarou que controla a situação depois de um levantamento efémero em apoio a uma fação depurada da chefia do país". Assim se escreveu no lead da manchete da edição de 28 de maio de 1977, sobre o horror que Angola vivia. O então ministro da Administração Interna e membro do Comité Central do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), Nito Alves, foi acusado de fracionismo e de tentativa de golpe de Estado pelo governo de Agostinho Neto, num episódio que culminou com a sua execução, bem como a de milhares de angolanos.

O próprio presidente angolano, lê-se na notícia, num discurso à nação, reconheceu que os acontecimentos foram uma "coisa terrível".

A manchete do DN estava dominada pelos companheiros de ideologia do MPLA (e pelos seus opositores). A fotolegenda da capa é dedicada ao escritor dissidente Andrei Amalrik que foi recebido pelo primeiro-ministro Mário Soares; em baixo, dava-se conta de que o chefe de Estado da URSS, Nikolai Podgorny, havia sido afastado do poder; ao lado, um acidente de um avião soviético em Havana resultara na morte de 66 pessoas, tendo duas sobrevivido ao desastre; e no fundo da página, o chanceler alemão Helmut Schmidt, em visita a Belgrado, prometia o apoio à Jugoslávia do marechal Tito, que como país não alinhado, apesar de socialista, não estava do outro lado da chamada cortina de ferro.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt