O masoquista PSD de Ferreira Leite
Apesar de tudo isto, Paulo Rangel acabou por ser a mais recente vítima do masoquismo, que é hoje já quase uma imagem de marca do PSD de Manuela Ferreira Leite. A estratégia de adiar mais que todos os outros partidos o anúncio do cabeça de lista às eleições europeias é, só por si, bastante discutível, pois na política, como nos negócios, a antecipação conta - e muito. Mas havendo a hipótese de a opção recair sobre Paulo Rangel, teria sido fundamental chegar primeiro que os adversários. Por ele, Paulo Rangel, forçado a chegar tarde a uma corrida já em marcha e logo rotulado de segunda escolha, e pelo partido, que assim perdeu mais uma oportunidade de passar as suas ideias, em vez de entrar logo a discutir as ideias dos outros.
Observando hoje todos os candidatos às eleições europeias, confirma-se que Paulo Rangel é, pelo actual peso política e exposição mediática, o mais completo. Uma vantagem que Ferreira Leite, inexplicavelmente (pelo menos, até que ela própria o explique), atirou janela fora com o atraso da escolha e que, na apresentação do candidato, voltou a prejudicar ao fazer tabu sobre a pergunta óbvia se vai ou não participar activamente na campanha.
Conclusão: o PSD abdicou do seu actual melhor elemento no Parlamento (substituí-lo, ao mesmo nível, será mais um desafio), sem sequer garantir que lhe proporcionava as melhores condições para o novo embate.
A instabilidade interna do PSD continua a manifestar-se das formas mais insólitas. Até a confiança nos funcionários do partido está tão frágil que o director de campanhas do PSD, Agostinho Branquinho, viu-se forçado a comprar alcoolímetros para ter a certeza de que ninguém trabalha embriagado.
As feiras de vaidades do Sporting
O jantar de apoiantes de Filipe Soares Franco para discutir formas de levar o presidente demissionário a reconsiderar foi mais um exemplo de como no Sporting vale tudo para aparecer. A iniciativa foi chamada de "anónima" pelos presentes, mas a verdade é que ninguém viu essa senhora. Já as caras do costume estavam lá quase todas...
O propósito do encontro e a sua promoção pública chegam a ser ofensivos para Soares Franco, que merecia melhor daqueles que se dizem com ele, mas, por incapacidade ou desinteresse, nem sempre o ajudaram.
Mais ridículo, só a oposição ter-se reunido à mesma hora. Também à mesa, como convém.
Conclusão: não apareça um Liedson do dirigismo, e o Sporting vai ficar em maus lençóis.
As universidades e o mundo real
O Conselho de Reitores queixa-se da falta de financiamento, apesar de o custo médio por aluno suportado pelo erário público (6500 euros) ser o dobro da propina média do ensino superior privado. Se as chaves do sucesso dos privados são, como acusam os sindicatos, os vínculos precários, por que razão se limitam a reclamar mais dinheiro? Não seria mais produtivo defender parcerias e outras medidas que ajudassem a resolver o problema das públicas e a pôr ordem nas privadas?
O problema crónico é a incapacidade das nossas universidades de angariarem receitas próprias. E isso diz muito sobre elas. Atente-se aos exemplos do ISCTE e da Univ. de Aveiro, que são das que mais fortes relações têm com o mercado de trabalho e, não por acaso, das poucas que não têm uma dependência fatal do Estado. A prova de que aumentar o financiamento, sem exigir a extinção de modelos obsoletos e a modernização das universidades, independentemente, se necessário for, dos interesses pessoais dos mais graduados docentes, é apenas continuar a depositar dinheiros públicos a fundo perdido.
Portugal, país de pais cobardes
Mais de dois mil bebés nascem por ano em Portugal filhos de pais incógnitos. Os casos não param de aumentar, apesar de a lei não permitir crianças sem filiação paternal desde 1977. Mais um triste exemplo, em muitos casos com graves consequências sociais, da inconsciência individual dos portugueses.
Elogio ao BCP
O Millennium bcp vai abrir agências ao sábado, num projecto-piloto para tentar consolidar a relação com os clientes. Uma estratégia só possível graças acordo colectivo de trabalho de 2002 - sinal de que alguém pensou longe há uns anos - e à adesão dos trabalhadores, que mostram preferir enfrentar a crise do que simplesmente lamentá-la.