O mapa da Europa é para refazer
Ao sonhar com a Escócia independente, Alex Salmond arrisca tornar-se uma dor de cabeça para os editores de atlas e de mapas, além de o ser já para o Governo britânico, mas a verdade é que o primeiro-ministro escocês agiu dentro das regras de uma das mais velhas democracias do mundo. E se o referendo de hoje ameaça acabar com 60 anos de fronteiras intocadas na Europa Ocidental, pode tornar-se modelo para aquilo que será aceitável, da Catalunha à Flandres.
Comparando com o outro lado da Cortina de Ferro, é como se o sensato Reino Unido imitasse a Checoslováquia, cuja divisão pacífica em 1993 contrastou com o fim da Jugoslávia e da União Soviética, as outras federações que não resistiram ao fim do Bloco Comunista.
"A imutabilidade das fronteiras na Europa ocidental nas últimas seis décadas é exceção. A história é de avanços e recuos nas fronteiras", sublinha o historiador Luís Nuno Rodrigues. Ainda na primeira metade do século XX, o próprio Reino Unido assistiu à independência da República da Irlanda, a Noruega separou-se da Suécia, a França recuperou a Alsácia e a Áustria passou de império a pequena nação.